quinta-feira, 30 de outubro de 2008

SEMPRE MELHOR

O dia de ontem morreu e com ele algumas dúvidas. Nasceram novas esperanças. Trago aqui, à laia de tradução, uma história igual a muitas que conhecemos sobre descobertas ou invenções terem ocorrido em simultâneo em lugares dispares da Terra e usando processos diferentes. Há uma experiência muito curiosa com macacos postos em duas ilhas, sem hipóteses de comunicação entre elas. Em ambas as ilhas não havia outra comida que não fosse batatas sujas espalhadas pela praia. É conhecido o grau de exigência dos símios com a higiene daquilo que comem. Obviamente que os dois grupos eram monitorizados. Quem coordenava a experiência esperava que algo sucedesse, mas já desesperava e estava capaz de suspender o evento, porque uma grande parte definhava e adoecia vítima da fome. Eis senão quando, quase em simultâneo, em ambas as ilhas, um dos macacos lavou uma batata na água do mar e comeu-a. Depois, por mimetismo, todos começaram a lavá-las e a alimentarem-se. Tudo se passou como se os dois grupos participassem de algo mais que eles. Ambos partilhavam dum anel mágico a que por comodidade vamos chamar inteligência. Não é exactamente o anel de Joseph Campbell. Lembremo-nos que nós chamamos Nónio ao que outros chamam Vernier. Os exemplos são inúmeros. As ideias não nascem apenas num indivíduo. Por isso não temo por aí além a tão propalada crise provocada pelos plutocratas, carenciados marketeers, ou melhor,acéfalos marqueteiros.. A humanidade sempre soube responder aos problemas que lhe eram colocados. O grupo incuba a necessidade de resposta, como se fosse uma doença, e depois explode a solução em mais que um dos elementos: os Alfas da inteligência e imaginação, os que detém um especial controle espaço-temporal. A minha convicção é esta, todos nós, seres viventes, participamos nesse caldinho, nesse anel mágico donde vem tudo o que é novo, não de tudo o que é bom, e que às vezes se materializam em anéis fantásticos, desde a roda, primeiro excepcional anel, ao acelerador de partículas LHC, último anel a considerar,the last frontier, até agora.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Sabedoria




Evocar a imagem dum Pardal dá mais sabedoria e serenidade que mil tratados de Filosofia.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

OXALÁ EU ME ENGANE

Os Europeus dizem que o não são, mas são. Os Americanos são-no e dizem-no. O racismo é responsável por comportamentos bizarros, estúpidos e pouco humanos. Há uma só raça: a humana. Depois há pessoas louras, cabelo preto, amarelas, pretas, altas, baixas, gordas, magras, etc. E há grupos muito diferentes uns dos outros na aparência. O outro ser diferente, é motivo de perturbação: da desconfiança ao medo. Essa é a verdade e a razão de ser do racismo, da xenofobia e outras coisas caras aos neocons.Como rirão os franceses com este termo. Também há outros neoparvos deste lado de cá do Atlântico.Tenho para mim seguro, que o senador Barack Obama não será eleito, para bem dele, porque se o for, será com toda a certeza abatido nesse imenso matadouro onde ficaram Kennedy (John e Robert), Luther King, Malcom X e outros. Mas este, quase diferente, quase africano, quase caucasiano, apesar da vantagem que lhe dão as sondagens, não será eleito, porque para os paladinos da Democracia, na solidão da câmara de voto, não são as melhores e mais conscienciosas razões que determinam o sítio da cruzinha. Oxalá não tenha razão, mas McCaim será eleito. Como não é exactamente uma criatura da extrema direita, poderá morrer de forma mais ou menos natural, no prazo de dois anos, dadas as contradições que advêm da guerra com o Islão. Então, eis que temos a Imperatriz da América, Rainha dos Ursos, Marquesa do Canhão, Condessa do Fuzil, Baronesa do Colt 45. Ao que se sabe e apesar das aulas com Kissinger, ainda não conseguiu aprender o nome de todos os países, quanto mais a sua localização. Já foi Miss Alasca, será tudo o resto, esta cabeça de sopeira, sem ofensa a estas. Melhor que Cleópatra, sem ter que seduzir Júlio César, ou Marco António. Será então ela a tentar impor a Pax Americana.
E estamos nós, duma forma ou doutra, na mão de tal gente.
Quando o dia de ontem morreu, isto era possível.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

LHC

Posted by Picasa

No fundo do caldeirão, um anel mágico. Seguremo-nos aqui nas bordas, agarremo-nos às nossas certezas e confiantemente vejamos para lá do brilho do anel e registemos entre outros, os fantasmas, os elfos, e outra bicharada pouco recomendável que se passeia pelo fundo. Naquela sopinha de ilusões, de medos, de esperanças, de superstições de densidade variável, há criaturas fortes de corpo e mais de mente, pessoas de ciência certa. Não há diabos em forma de gente, há é muita gente a querer ser aprendiz do diabo. É um anel que Deus deixa que exista, não é fonte de mal e é quase ausência de bem. Não é novo nem velho este intemporal sítio. Ao certo ninguém tem a certeza se aquele caldeirão é um sítio ou um momento. Para já, agora que o vimos é certo que não nos podemos limitar a levantar problemas, é a altura de apresentar soluções ou pelo menos tentá-lo. Demorou a chegar, mas este Outono fugidio está a obrigar-nos a ser adultos. Via televisão, quando o dia de ontem morria, tivemos todos essa certeza.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

NÃO NEGOCIÁVEL

Ontem já o dia moribundo, por um instante, acreditei. Há momentos inegociáveis, religam-nosPosted by Picasa

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Mercado ou Bezerro de Ouro

O dia de ontem morreu e foi como todos os outros há uns tempos para cá. Eminentíssimas Sapiências falaram da crise do Mercado. Bezerro de Ouro e eles, comentadores, políticos, economistas, jornalistas e outros, seus fiéis sacerdotes. Descrevem o seu mau humor e diagnosticam-lhe as maleitas. Explicam a sua perca de peso como se fosse atacado por uma hemorragia de metais preciosos feitos em merda.Dão-lhe transfusões de capitais dos orçamentos de estado. Falam com rigor religioso e pedem sacrifícios. De forma melíflua pedem o sangue das vítimas. No areópago duma qualquer chancelaria, no altar dum banco ou numa sessão bolsista. Ouçam-nos a utilizar expressões como: dinheiro é sangue e sangue é vida… O Mercado, esse Deus sempre tão querido aos americanos, “In God we Trust”, tantas sevícias sofreu que resolveu revoltar-se e mandar os seus oficiantes às malvas. Antes assim fosse. Mas que as vítimas somos nós não duvidemos. Dos desmandos dos plutocratas seremos sempre nós os melhores fiadores e os mais fiéis e primeiros pagadores.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

À espera do texto

Posted by Picasa

Outono passa... tão depressa

Posted by Picasa

O dia de Ontem Morreu



O dia de ontem morreu a noite passada

Anunciada como certa, a morte era esperada.

Finou-se um dia morno e sem história

Melancólico, sem cor nem glória


O dia de ontem igual a muitos, a todos,

Encantou medíocres felizes e tolos.

Pesou triste, pardo e lamacento

Na garganta que trava o real lamento


O dia de ontem foi semi-estático

Semi-preto, semi-branco, cinzento

Nem sequer foi um dia … prático.


Foi mais um dia assim meio pardacento,

A canalhice globalizante acordada

A imaginação ausente e o saber ciumento



Júlio Valentim



Ozendo .Outubro 2008