Nessas alturas vemos pessoas com cerca de 40 anos desesperadas porque têm 20 anos de funções específicas, não têm idade para a reforma e ninguém os quer, porque já estão na meia-idade. É assim, espreme-se bem (os primeiros anos mais produtivos) e deita-se fora. Quase nunca há reciclagem. Sei das formações várias, das novas oportunidades e de outras piedosas intenções. Mas produção de riqueza, emprego, e trabalho digno, aquilo que é bom acabou-se.
Porém, no cimo da pirâmide assistimos a fenómenos de reciclagem fantástica. Chega-se ao governo, (40 e poucos 50 anos) e algum tempo depois perdem-se eleições ou fazem-se asneiras; cai o governo, demite-se ou é-se demitido. Imediatamente após, tenha-se ou não background para o efeito, é-se promovido a administrador, inclusive da banca. Tem que se reconhecer essa promiscuidade entre o mundo da política e o mundo empresarial. E impávidos, assistimos a essa enorme capacidade de regeneração dos elementos dos partidos da área do poder. Num processo idêntico ao do bezerro, (ninguém imagina possível que aqueles a quem confiamos o nosso destino e o nosso dinheiro), apareçam surpreendentemente metidos em jurídicas alhadas de Portugueses Negócios, Submarinos e Sucatas de que vemos fumo, mas jamais fogo, perdão sentenciados à cadeia e confisco de todos os bens, pois felizmente o fogo e todas as outras formas de execução já não existem entre nós.
Julgados e condenados nos media, (há nisto verdadeira desumanidade), demonstram nunca terem aprendido duas das primeira regras da política: que à mulher de César não lhe basta ser séria, tem que parecê-lo e que não há almoços grátis.
Infelizmente isto já é um problema sistémico e um verdadeiro paradoxo.