quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Baralhar e dar de novo


As palavras e as expressões adquirem significados inopinados. Político, cujo significado deveria ser estadista ou pelo menos pessoa dedicada à causa pública desvirtuou-se. Não admira uma vez que temos um Presidente da República e a líder do maior partido da oposição que se dizem não políticos e tratam displicentemente quem se afirma como tal. Sei que isso colhe porque é uma herança de Salazar. Muito boa gente quando classifica alguém de politico ou de ter uma atitude politica, refere-se a esse alguém pejorativamente. Qualquer coisa como o malandro que dribla a lei, o tipo das soluções imaginativas, expeditas, mas pouco curiais. Não é essa a minha linguagem nem nunca o foi.
Ontem, em conversa entre pares e sobre um assunto que interessava a todos os presentes, afirmei que determinada pessoa, que nem sequer conheço, tinha tomado uma atitude política porque tinha baralhado e dado de novo. Queria eu dizer que o bom do homem queria começar de novo, quebrando um vício de raciocínio e procedimento. Claro que não o classifiquei depreciativamente. Hoje, rebobinando a conversa com um dos intervenientes, descobri que foi assim que ficou na fotografia.
C'est dommage

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Bom senso e bom gosto


Basta a falta duma variável para um problema não ter soluções exactas. Encaramos aquilo que a vida nos põe como problemas sem procurarmos, (ou deliberadamente esquecermos?) os dados essenciais. Por isso, antes de entrar em parafuso, procuramos um amigo, um padre, um advogado. Atrevo-me a dizer que se estivermos apenas nós próprios em causa, o problema desaparece, pau...la...ti...na...mente. A questão é o outro… e das interdependências que se criam.

Por formação e carácter não sou adepto da Teoria da Conspiração, nem acredito em bruxas. Existem as leis da sorte, do acaso e da vida, tudo coisa semelhante, pois são as leis da natureza que regulam o acaso. Mas antes que nos doa a cabeça e na esperança que uma epidemia de bom senso surja, façamos uma dieta. De resto a dieta é sempre aconselhável. Para tudo, desde aquilo que comemos, lemos, vemos e ouvimos. Sejamos criteriosos nas escolhas.

Esta Chancelaria informa a todos os interessados que comer (pelos ouvidos) frangos com nitrofuranos, seguir Freeport, ler e ouvir pasquins (impressos, áudio ou vídeo), comprar termómetros e desinfectantes, respirar gripe A, e drogarmo-nos com face oculta é manifestamente prejudicial à saúde.

Basta bom senso e bom gosto. A maioria dos problemas que nos preocupam desvanecem-se, e redescobrimos que viver é bom, e a vida…às vezes (quase sempre) com dor, vale a pena ser vivida.

Importa querer ser mais livre, mais do que discutir a liberdade.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Cem continentais vão ajudar a Madeira


Aprendi a rir com os que riem e chorar com os que choram. Sei que prestimosas instituições vendem solidariedade mas a verdade é que a solidariedade se presta, se dá. Sei que ajudar sem contar com gratidão é difícil, raro e dói.
Sei que quando todos choram alguém vende lenços.
Infelizmente também sei, que neste instante, em que na Madeira há quem sofra horrores, há uma fauna pouco recomendável que tenta facturar sobre o sofrimento. Quem lá tem família e amigos pasma com algumas declarações, não pelo que dizem mas pelo que deixam de dizer.
Houvesse uma enxurrada de humildade que levasse o egoísmo e a má criação, porque prosápia é uma coisa, jogar com a miséria é outra.
A política tem que ser sempre o mais nobre de todos os ofícios.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sem Xenofobia


Os espanhóis, palavra feia, tiveram sempre pretensões, porventura legitimas, em mandar no que acham ser o seu quintal…Vi no telejornal um ministro de Madrid falar em Lisboa como se em sua casa estivesse. Depois vi serem tecidas considerações sobre a cooperação entre os dois países por duas eminências pardas: António Vitorino (hablando castellano) e Marcelo Rebelo de Sousa. Vieram-me à memória alguns personagens: Conde Andeiro e Conde Duque de Olivares. Olhei melhor e vi esbeltíssimas Duquesas de Mântua passeando charme e beleza no décor.

Até agora, quem quis contribuir para a União Peninsular foi condenado pela História. Actualmente, em tempos de soberania partilhada, manter o feriado do 1º. De Dezembro só para comemorar a entrada em vigor do Tratado de Lisboa. Apague-se dos livros da nossa História qualquer referência aos conjurados de 1640. Às tantas cometeram o erro de quererem ser livres, não servir a senhores e tomarem o destino nas suas mãos, patetas sem clarividência.

Também achei graça ao advogado defensor dos etarras. Dizia que os seus clientes estavam presos por razões políticas e não jurídicas. Será que em Portugal alguém é incomodado por razões políticas mascaradas de jurídicas? Será que algum media embarca em semelhante patranha?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Buchos e Bruxelas



Ontem comi bucho. Era, dia de Carnaval e outra festa. Perdoei-lhe o mal que me possa ter feito pelo bem que me soube. Bruxelas não quer que se comercializem estes produtos alimentares artesanais, pois dizem não se garantirem as regras de higiene de produção e rastreabilidade. Em vez dos burocratas europeus nos proibirem de comer e comercializar os nossos melhores petiscos, melhor era convencerem a Europa a prová-los. Todos ficávamos a ganhar.
Recordo os ingleses. De manhã comem ovos com bacon produzidos nas suas sofisticadas unidades de criação animal, onde nascem toda a casta de doenças (BSE lembram-se?), resultado dos seus altíssimos padrões de higiene.
Cada vez que penso neles, gente educada e boa, o meu coração amolece e bendigo a nossa mais velha aliança. Sinto-me todo Zen. Fico em comunhão com a natureza. Gente que veio até nós em armas, para nos ajudar claro, gente que daqui levou sempre o que de melhor havia, produto do seu generoso trabalho, evidentemente.
Alguns levaram para contar… mas foram poucos.
É verdade que qualquer barrento que chegue a Bruxelas põe-se lhe logo a jeito. Também não chegaria lá se assim não fosse.
Mas que raiva. Não é xenofobia nem vingança, é sede de justiça.
O resto, são papeis mal transcritos.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Carnaval em casa, ecos do passado


Que dentro de cada português vive um salazarinho, é coisa sabida. O Botas de Santa Comba interpretou como ninguém as nossas fragilidades. Nunca ficou refém de ninguém, nem teve nenhum delfim, porque filhos, nem políticos os teve. Transferiu, afastou, apagou, tramou todos quantos o quiseram servir além das suas competências. Que prendessem, massacrassem, espoliassem em seu nome, tudo bem, desde que fosse um serviço bem feito: sem testemunhas, sem registos, e sobretudo sem protestos. Se tudo corresse bem, depois, quase sempre tarde, recompensava com uma medalhinha, nunca com um Conselho de Administração. Para aí só os fiéis de pedigree comprovado ou de QI e lealdade mais que garantida. Olhemos para onde quer que seja e vemos infelizmente a concretização da sua Republica Unitária e Corporativa… Cada vez mais corporativa e menos unitária.

Criou um bófia dentro de cada um de nós, um superego freudiano ampliado.

Nunca fez um Acto de Contrição publico e foi sempre perdoado.

Agora há uns tipos de mau hálito, que não estudaram Latim e aparentam cheirar mal dos pés, apostados em cumprir a sua (dele Salazar) maldição. Será que só elegemos os maus e os fracos? Será que nos nossos genes inscreve-se a espera de D Sebastião quer venha ou não?

Claro que há mais vida depois (que nojo e asco) da generalizada e pidesca bufaria que tem sido a devassa da vida privada.

Pensei que o 25 de Abril nos tivesse libertado definitivamente

Obviamente que o Futuro, por mais que o encalacrem, está aí completamente virgem e sem mácula.

Sonhemo-lo e vivamo-lo a trabalhar, transformando, produzindo riqueza, com determinação e sem medo. Eis uma maneira diferente de dizer, que a fé é que nos salva.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

‘Chaos Reigns’.


Cientificamente bombardeados por notícias e sentimentos negativos e com o regresso de sebastianicos inquinadores de futuros nada ajuda a compreender o momento.
Uma fauna que vive em permanente rebaldaria, pública e privada, clama falta de justiça e liberdade. As leis sempre foram um instrumento político e respeitadas pelos contentores da luta democrática. Agora não se podem querer determinadas regras de Direito aos dias pares e outras aos ímpares. Não há combate político no meio de nevoeiros legais. Pintam-se é nuvens cada vez mais carregadas no horizonte.
O que querem?
O comum dos mortais não se contenta com as coisas como elas se apresentam, mas vêem para além delas o seu ser.
Nada é evidente, alguma coisa pulsa e de maneira oculta. Que não seja o triunfo dos porcos.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Ao som do Shadows



Carta a um funcionário público.

Fazes parte do grupo dos culpados da actual situação económica.

Todos os partidos, enquanto arejam as penas na oposição, dizem o mesmo. Criaste já uma pele de hipopótamo capaz de aguentar as vergastadas que os media veiculam e por sua conta dão.

Como não posso falar directa e abertamente contigo, pois no teu serviço o freguês (utente, cliente, utilizador), não é a pessoa mais importante e única razão de ser do serviço, escrevo-te duma maneira mais pessoal (íntima) e hoje ao som dos Shadows

Podia desatar a escrever coisas estranhas, mas não me atrevo. Atrevo-me às simples. Ouço-te nas sombras e escrevo-te. Sofres porque vês vencer uma nulidade só porque tem () o que não davas. Isto é, vês progredir na carreira horizontalmente, quem sabes adoptar essa e outras posições no quarto ou no carro de quem chefia.

Espero pacientemente a tua redenção após os teus românticos momentos revolucionários. Noto que se agigantam na tua cabeça os poderes dos maus, e com um vocabulário tão violento quão menos versátil, dizes que este país não existe, e a ser, é de Desenhos Animados. Negas as virtudes do que é bom. O mercado das notícias engana-te.

Repara, cada dia te digo e de maneira cada vez mais clara, que o que realmente fica é a honra e a probidade, o resto é trampa ainda que pasteurizada e avaliada.

Puxa por ti, sonha o impossível, mas nunca te arrependas de seres honesto.

Não lamentes seres como és, duma linhagem de quem nem todos se podem gabar.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Coisas a frio


Todos sabemos que a maioria dos problemas que ocupam a nossa cabeça hoje, daqui por duas semanas nem sequer nos ocorrem. Temos a incrível capacidade de ampliar o que não interessa, usar negativamente a nossa imaginação e reduzi-la a um permanente incómodo. O medo do desconhecido, o stress, a adaptação permanente ao desconhecido mais que conhecido é a melhor parte do nosso raciocínio cíclico. Todos somos assim, inseguros.
Ontem, assisti e vivenciei um momento desses: estava-se capaz de adquirir outro carro porque um pneu tinha um furo. Claro que a solução foi mudar o pneu e aguentar o furado enquanto não se arranjava quem o consertasse. Esta imagem pode não ser a melhor mas serve. Também porque às vezes há outros, os grandes problemas: o carro tem uns anos, o motor gripou, a rectificação é cara e têm que se ponderar soluções, então sim, as mais onerosas e difíceis.
É assim que vejo a realidade do meu país. Já lá vai o tempo dos pequenos medos estendidos em planos inclinados. Vi, assisti em directo e a cores a um sacana, (espanhol… desta vez não foi inglês, como é da praxe), a virar os holofotes da desgraça para estas bandas. Para estes favores melhor que o señor Joaquim Almunia só mesmo um súbdito da nossa mais velha aliada. Mas é bom recordar que as doenças da economia tratam-se com mais e melhor economia, não desviando as atenções para as misérias do vizinho, por inferiores que sejam. As da democracia com mais e melhor democracia, porque qualquer deriva musculada, sebastiânica ou salazarenta conduzirá este laboratório das experiências que não se devem fazer, ao mais redondo insucesso, nesta Europa que agora (ou sempre?) nos olha de soslaio.
Bom senso e humildade exigem-se.
Patriotismo ainda é palavra dicionarizada?