quarta-feira, 20 de abril de 2011

Realidade ingénua


Cada um de nós vê através dum tubo e por isso cada um tem a sua verdade, é a realidade ingénua dizem os físicos. O tubo é constituído pelos nossos olhos, ouvidos, todo o sistema nervoso, conhecimento e alguma sabedoria que se deixou sedimentar. Por isso alguns têm uma visão mais abrangente que outros. A minha realidade ingénua, (inocente é outra coisa), é simples e, aberta a janela, tento descrevê-la a traço largo.

Vejo que os financiadores, credores e outras dores constituídos em troika aterraram em Lisboa; missão, a nossa salvação.

Vejo o primeiro responsável pela actual situação politica o PR a manter-se silencioso, sibilino, acastelado numa prudente cobardia, a pensar mais em si mesmo, e a pôr-se a jeito para cumprir um projecto de poder pessoal... Como lamento escrever isto, eu, que me julgo um democrata e que creio que quem é legitimamente eleito deve ser poupado a determinadas diatribes. Mas este porfiou tanto que as merece. A meu ver não é nem patriota nem democrata. Pratica a política da pior maneira, e apresenta-se com o mesmo antipolitiquismo de que sofria Salazar, Ferreira Leite, Fernando Nobre e outros salvadores. Entretanto, o jovem turco diz que Sócrates não é de fiar. Este diz que a oposição não é de confiança.

Não vejo uma casa sem pão onde todos ralham e ninguém tem razão. Vejo uma casa onde os cônjuges não se entendem. Cada um vai fazendo exercícios de afirmação de personalidade e os restantes habitantes da casa, cansados, já encolhem os ombros, alheiam-se e não querem saber quem os leva por que caminhos. Já tanto lhes dá. O árbitro, o conselheiro matrimonial, mais interessado em participar da festa do que em resolver os problemas do casal, sopra o lume da intolerância e da falta de respeito.

Os melhores da casa fogem, os média dizem que emigram. Uns emigram para o estrangeiro e outros emigram para fora dos partidos. Estes são os pilares da democracia como a entendo. Os partidos obrigatoriamente devem estar abertos à sociedade civil, a todos os cidadãos. Não podem ser capelinhas, nem seitas. Assim, como os vejo, entregues à bicharada não há democracia que resista, basta ver os cabeças de lista para as próximas legislativas.

Já andam ao rebusco, estamos feitos…



terça-feira, 19 de abril de 2011

Oásis

Volto hoje a abrir esta janela, só uma frincha e apenas por um bocadinho.

Desde a última vez que aqui me expus até hoje nada deixou de acontecer. Larguei algum lastro e atravessei com sucesso o Rubicão, mas Portugal ainda não disse: alea jacta est.

Não me disponho a fazer uma sinopse do que fica para a História, mas quero servir-me desta fresta para exercer o direito à indignação. Quero deixar aqui exarado o meu protesto porque quando o PR quebrou o silêncio para dizer que não ia intervir, achei que a crise política, a que deu o start up, é um oásis de horror no meio de um deserto de desgraças.