quarta-feira, 14 de setembro de 2011

XNY556


Os rádios (emissores receptores) exerciam um fascínio enorme num garoto de 12 ou 13 anos. Havia na altura (anos 63/64) uma série de origem americana ou canadiana na RTP1, único canal que se via, cuja acção se desenrolava numa zona com muita água, e os heróis, adolescentes ainda, deslocavam-se num “hovercraft”, um barco com uma enorme ventoinha atrás. Só via aquela espécie de guardas florestais porque os miúdos falavam em “ walkies talkies”, e isso dava-lhe ilusões, sonhava acordado, hábito que não perdeu... Não recorda o nome da série mas lembra-se do indicativo da base, “XNY556”. Passados anos foi para a tropa e (por coincidência, milagre, acaso, ironia, contradições e outras peregrinas razões) mandaram-no fazer a especialidade de transmissões, (com outras rimas e palavrões). Aí foi-lhe dada a oportunidade de conhecer, (e obrigado a tratar por tu), os mais variados rádios, alguns verdadeiras peças de museu que trabalhavam a pedal… só o gerador já se vê. Passado esse purgatório e de regresso à vida civil comprou um CB. “Esqueceu-se” de o legalizar quando soube que não podia usar o nome de estação que pretendia, passando a ser a “ Estação Terras Altas em modulação experimental”, quase sempre em “pé de borracha” ou “barra móvel” (automóvel) no jargão dos macanudos.

Com o desenvolvimento da Net achou que a comunicação via rádio (a primeira rede social virtual que conheceu e integrou) tinha acabado.

Enganou-se, a Estação Terras Altas está além de devidamente legalizada nos 27 Mhetz integra um QSO que ainda outro dia se reuniu sacrificando um leitão na Mealhada. Encontrou na “vertical” , isto é cara a cara, uma série de macanudos com quem interagia , mas não conhecia. O que parecia uma ilusão irrealizável, hoje não é mais que um acto vulgar.

Por isso só se pode comparar o que é comparável, viver em ditadura ou em democracia não tem comparação, mesmo num tempo de crise aberta, num país cujo PM lê livros cujo autor não escreveu.

Uma coisa curiosa, descobriu que os outros nos trazem notícias de nós mesmos.

sábado, 10 de setembro de 2011

NINE ELEVEN

Há aviões que ficam na história, especialmente os dirigidos por pilotos que voam não às cegas , mas cegos por uma venda, a da sua verdade, armados desde x-actos até à bomba A. Há casos bem conhecidos, devidamente documentados e relatados. Evoco hoje o Enola Gay, o B29 que em 6 de Agosto de 1945 ficou na História após passar por Hiroshima, deixando por lá um devastador cogumelo, as super fortalezas B52 que largaram o desumano Agente Laranja e Napalm sobre o Vietname, bem como os dois Boeing 767 que há 10 anos aterraram no WTC destruindo-o.

Após o colapso daquelas duas torres a América nunca mais foi a mesma, perdeu liberdade, ganhou medo e morreu o American Dream..

Em todos estes casos os pilotos e quem os comandava eram dominados por uma certeza aguda, seguros que os seus actos eram generosos para com a humanidade, seja isso lá o que for. Alguém disse que tinham sido os aviões que de regresso de Hiroshima tinham aterrado nas Twin Towers. Os aviões não eram, mas a “razões” sim.
Nestes actos de “bondade” morreram 242.000 civis em Hiroshima, 60 milhões de asiáticos e 50 000 soldados americanos no Vietname, cerca de 3.000 civis nas Twin Towers e um número indeterminado de vítimas mortais mas cujos totais já se cifram em muitos milhares no Iraque e no Afeganistão.

Não é precisa tanta “indulgência”.


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Extinção dos governos civis


Li hoje que a extinção dos Governos Civis permite poupar mais de três milhões de euro. E são só dezoito…
Acredito piamente. Mas há muita maneira de mentir, inclusive a mais eficaz, a de dizer quase toda a verdade. A troika exige cortes no número de divisões administrativas que em toda a Europa se confundem com poder regional ou local. Vai daí extingue-se os Governos Civis, que serão tudo, menos poder local, abrindo caminho ao que o povo já disse não, à regionalização. Isto é uma prática anticonstitucional pois “enquanto as regiões administrativas não estiverem concretamente instituídas, subsistirá a divisão distrital” diz a Constituição, que pelos vistos já não baliza nada, e ninguém defende.
Com a extinção de municípios sem razões de existência (menos de 10 000 habitantes) e com a racionalização do conceito de freguesia (mais de 1000 habitantes) poupar-se-ia muito, muito mais.
Mais uma oportunidade histórica que se perde.
Creio que foi S. Vicente que disse que o dinheiro é um bom servidor mas um mau senhor. Agora imagine-se péssimos capatazes ao serviço dum mau senhor.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Dois Migueis (Torga e Cervantes)



Depois dum "jovem" turco ter sequestrado este país, pedindo agora um resgate altíssimo, (por meios democráticos, diga-se), e sabedor de ciência certa que nem assim esta Pátria "cemitério da própria língua" será sepultada, sinto-me, mais do que nunca, o que sempre fui...
A sábia atitude é estar atento e aceitar a realidade, combater moinhos de vento e outras "barbaridades" que são perífrases do discurso que é a vida.
Começam agora a falar, perdão, a propor e a desafiar tumultos, e eu a continuar a pensar no calibre doze, agora que os Sanchos, panças ou não, estacionaram e se instalaram, não há lugares para D.Quixote mesmo com mancha.