sexta-feira, 2 de julho de 2010

A Máquina


Eles inventam tudo, diz-se. Um dia inventam a máquina da morte. Não a da aniquilação total, mas a máquina que mostra a morte tal qual um ser vivo morre. O tal aparelho que contém o on/off da vida. A MÁQUINA que todos desde sempre procuraram e que as religiões garantem conseguir, capaz de ligar depois do desligar. O engenho, como um ser vivo, e com toda a actividade inerente a um ser biologicamente activo acaba por morrer, mas neste aparato a coisa é parada, suspensa e acima de tudo reversível.

A minha crença, ou meu egoísmo, faz-me crer que há uma parte de nós que persiste. Não sei exactamente onde nem como, (ou saberei?). Mas cada vez são mais os que ontem eram meninos e partem com doenças próprias da velhice. Como diria o meu pai, nunca os velhos foram tão novos.

Por outro lado, li que na Paris do no sec XVI eram tão raros os que chegavam aos oitenta anos que havia na altura um homem dessa idade que não tinha irmãos, filhos, nem netos e tinha vivos apenas bisnetos. Sentia-se incompreendido, deslocado e só. Olhado como um ser doutro mundo encaravam-no e ouviam-no temerosamente como um oráculo vivo.

Imaginemo-nos nós com duzentos anos, que meeedo!!!

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