terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Os novos sacerdotes


Conhecem-se documentos que mostram como os antigos sacerdotes eram iniciados em lugares mais ou menos tenebrosos, cavernas e outros tugúrios, onde eram purificados.

Ali observavam os mestres a executarem gestos e a usar uma “linguagem” que (re) ligava os homens e os Deuses. Tudo aquilo fazia sentido, as danças, as evocações, aqueles gestos e linguagem libertavam as energias que se pretendia, encontravam a serenidade, "conviviam" os vivos e os mortos, homens e Deuses. Parece que a dada altura a iniciação foi “apressada” (a eterna história do poder) perdendo os neófitos o sentido profundo e o porquê de cada gesto, de cada ritual. Foram perdendo a capacidade de serem os intermediários das relações entre homens e Deuses. Tinham abundante informação de tradição e memória mas não a entendiam, faltava-lhes o mais importante e essencial e que tinham tido os seus mestres: a magia do recolhimento e do bom senso.
Hoje, assistimos em todos os media e nos partidos políticos ao aparecimento de aspirantes a sacerdotes do Bezerro de Ouro “hiperinformados” e mais ou menos analfabetizados pelo economês. Nesta balbúrdia, e no domínio da poupança, como em muitos outros, acabamos por reconhecer autoridade e sabedoria que não reconhecemos a nós próprios, quando de facto, sobre a matéria quem tem dado provas somos nós, o povo que poupou e não contraiu dividas.
Com a difusão de tanto conhecimento e informação, paradoxalmente, ficamos muitos à mercê de poucos. São os novos sacerdotes que nos prometem a felicidade e dizem saber como tratar o Deus Bezerro de Ouro, ou os mercados que é exactamente o mesmo.

Há uns anos dizia-se que um especialista era o que sabia tudo sobre muito pouco, poderia inclusive saber tudo sobre o parafuso e nada sobre a porca onde este enroscava. Agora, um especialista e novo sacerdote é aquele que sabe muito pouco sobre tudo. A fauna que constituem os políticos vindos das jotas (as tais tenebrosas cavernas de iniciação) e respectivos assessores a quem falta o essencial, o bom senso.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Estacionar no Hospital Sousa Martins

Ontem foram-me surripiados 106.00€.
Deixei esta reclamação no HSM

"Tendo hoje, dia 31.10.2011, pelas 08 horas da manhã acompanhado a minha mulher aos Serviços de Cirurgia Ambulatória do Hospital Sousa Martins, parqueei bem e em local adequado o meu automóvel 04-BV-81 numa via de sentido único, em local que não impedia a circulação normal e onde já havia mais veículos estacionados, perto do edifício do antigo serviço de radiologia. Não há no local qualquer sinalização que obste ao parqueamento. Cerca de duas horas depois não encontrei o meu carro. Indagando o que se tinha passado, pensando tratar-se de roubo, fui com azedume informado pelo segurança que o mesmo tinha sido rebocado pela PSP porque impedia a passagem, absolutamente fortuita e ocasional, de um veiculo industrial de grande porte, uma máquina giratória com lagartas. Note-se que não passaria em nenhuma das vias que rodeiam os diversos pavilhões desde que haja veículos estacionados.
Mantive-me no Hospital sempre na área destinada aos acompanhantes dos doentes de Cirurgia Ambulatória. Não ouvi, nem vi ninguém procurar pelo proprietário da viatura que impedia a passagem da referida máquina.
Num momento de fragilidade, fui vitima de manifesta injustiça e ilegalidade, prepotência e falta de diligência por parte dos serviços de segurança do HSM. Não me queixo do incómodo que me causaram, nem da falta de urbanidade, nem da má criação proverbial daqueles serviços, mas exijo ser ressarcido dos 106.00€ que tive que pagar à PSP e de que junto documentos."

Sobre este assunto farei aqui eco do que houver.

sábado, 29 de outubro de 2011

Lá tinha uma fábrica, lá tinha uma loja, lá tinha um emprego...




Um país não morre de morte súbita. Morre de doença mais ou menos prolongada. Mesmo quando o seu povo é cientificamente adormecido, anestesiado, narcotizado, quase chacinado por intoxicação de falsa informação, demora a morrer.
Como agora, que chegou o tempo dos falcões, o tempo das facas longas. É um tempo de quaresma, o tempo do sr dos passos, esse mesmo, esse que diz e desdiz e faz o seu contrário com a convicção dum vendedor de automóveis de e em segunda mão, que garante empobrecendo quase todos sairemos da crise; do sr da equidade fiscal, admirador de vacas e criador do monstro, que de repente se vê atacado pela criatura que criou. Nenhum trata de proteger o trabalho como o fazem em relação ao capital e à propriedade. O trabalho não é sequer um direito, é mais ou menos um acaso; nem tortura certa é, pois alguns dele ficarão isentos por direito de nascimento. Contudo o povo, a tal entidade abstracta onde reside a soberania, palavra vazia de sentido entre nós, fica comprometido com a divida, "casado com os problemas e divorciado da riqueza".
Dirão sempre convictos que todos nascemos livres e iguais em direitos e todavia eu digo que alguns são livres de morrer de fome e iguais para morrer de frio.
Podemos esperar que a economia, a serpente, nos fira o calcanhar, ferimento menor, se comparado com a política e o esmagamento da sua cabeça. Noutras palavras, a descendência da mulher – a intuição – acabará por prevalecer sobre a descendência da serpente – a razão. Vamo-nos recentrar, lembremo-nos dos conceitos simples do Yin e Yang.
A dor leva me ao Yin e à mente intuitiva, complexa, e o Yang, ao intelecto, racional e claro: só todos  inteirinhos,  conseguiremos fazer justiça, inclusive social.

sábado, 15 de outubro de 2011

Acertemos o passo....


Fui tele-informado que fui julgado e condenado a pagar pelo crime de ter trabalhado para o Estado Português. Para já, é me aplicada a coima de 20% sobre os meus rendimentos e ficam pendentes futuras decisões sobre mais sanções acessórias.
Não por ter de alguma forma representado o Estado nas ligações com os clubes associados ao admirador de vacas SLN/ BPN, BPP, ilha da Madeira, Câmara de Oeiras ou equivalente. Nada disso, trabalhei para a empresa que sempre mais lucros deu ao Estado e que neste momento é um corpo ainda vivo e já sendo dilacerado por abutres…
Isto acontece porque o povo deixa ou talvez mesmo queira.
No coração deste povo ainda hoje vive um salazarzito. A idiossincrasia é salazarenta: não se sabe escolher chefes, a liberdade pesa, pensar dá muito trabalho. Diz resignado este rouba mas faz, manda quem pode, obedece quem deve.
Não é um povo mau, é um povo sem estratégia e sem sonho. O pão e o circo de hoje é o futebol.

É muito importante acreditar num Salvador, num D Sebastião, quer ele venha ou não. Os 3.000 milhões, o tal desvio colossal deve-se APENAS à venda do BPN como foi feita e à divida da Madeira.
Este canalhita sabe que pode fazer isto, porque coloca a auréola do salvador.
Quando houver 50 ou 100 pessoas que se resolvam pela nossa melhor tradição de luta pela liberdade haverá solução: calibre 12.
Sabe-se que os problemas políticos não têm soluções económicas.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

XNY556


Os rádios (emissores receptores) exerciam um fascínio enorme num garoto de 12 ou 13 anos. Havia na altura (anos 63/64) uma série de origem americana ou canadiana na RTP1, único canal que se via, cuja acção se desenrolava numa zona com muita água, e os heróis, adolescentes ainda, deslocavam-se num “hovercraft”, um barco com uma enorme ventoinha atrás. Só via aquela espécie de guardas florestais porque os miúdos falavam em “ walkies talkies”, e isso dava-lhe ilusões, sonhava acordado, hábito que não perdeu... Não recorda o nome da série mas lembra-se do indicativo da base, “XNY556”. Passados anos foi para a tropa e (por coincidência, milagre, acaso, ironia, contradições e outras peregrinas razões) mandaram-no fazer a especialidade de transmissões, (com outras rimas e palavrões). Aí foi-lhe dada a oportunidade de conhecer, (e obrigado a tratar por tu), os mais variados rádios, alguns verdadeiras peças de museu que trabalhavam a pedal… só o gerador já se vê. Passado esse purgatório e de regresso à vida civil comprou um CB. “Esqueceu-se” de o legalizar quando soube que não podia usar o nome de estação que pretendia, passando a ser a “ Estação Terras Altas em modulação experimental”, quase sempre em “pé de borracha” ou “barra móvel” (automóvel) no jargão dos macanudos.

Com o desenvolvimento da Net achou que a comunicação via rádio (a primeira rede social virtual que conheceu e integrou) tinha acabado.

Enganou-se, a Estação Terras Altas está além de devidamente legalizada nos 27 Mhetz integra um QSO que ainda outro dia se reuniu sacrificando um leitão na Mealhada. Encontrou na “vertical” , isto é cara a cara, uma série de macanudos com quem interagia , mas não conhecia. O que parecia uma ilusão irrealizável, hoje não é mais que um acto vulgar.

Por isso só se pode comparar o que é comparável, viver em ditadura ou em democracia não tem comparação, mesmo num tempo de crise aberta, num país cujo PM lê livros cujo autor não escreveu.

Uma coisa curiosa, descobriu que os outros nos trazem notícias de nós mesmos.