sábado, 29 de novembro de 2008

Vestida para Agradar



Nos dias de ver a Deus e à Joana era (é) normal as pessoas vestirem o seu melhor traje. Na versão actual, se for de festa, faz-se uma melhor produção. Dependendo do imediato encontro, assim será o nível do produto final. A minha terra, que é feminina até no nome, por mais teutónico que seja, hoje produziu-se para agradar. Vestiu a sua melhor roupa. Vestiu-se imaculadamente, qual virginal noiva do sec XIX. Um manto branco de pureza e inocência para cobrir as vergonhas dos ímpios que a maldizem.
E tinha razão, a sua mais bela filha de sempre fazia anos e era um momento único, havia que se ajaezar a condizer.
A parte feia foi descobrir que a sua querida filha não vinha comemorar os anos no seu seio. Trocava-a por terras de beleza mais constante, junto ao mar, sem a volúpia das amplitudes térmicas e da variação de cenários. Estas falhas quando vestimos os nosso melhor fato magoam muito, muito mais do que pensam os ausentes.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

27 de Novembro 2008





Hoje é feriado na minha fidalga e hospitaleira terra que também é feia, farta e fria. Que Júlio Ribeiro me perdoe a inversão dos adjectivos. Mas lá que é fria é. A fotografia que aqui se mostra foi obtida hoje às 10 e 30 da manhã na R D.José Alves Matoso e havia sol. Como presunção, água e vento cada qual toma o que quer, permito-me dizer que nesta terra, felizes a sério só houve duas pessoas, eu e El-Rei D.Sancho I.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

De volta ao Anel


Anel de oiro posto no cadinho, rituais gestos alquímicos, fogo e tempo. Eis uma espécie de acto mágico, de transmutação.
Vem isto a propósito dos anéis dos micélios, que por vezes nos transmutam em defuntos. Tiremos-lhe o oiro, e do cadinho façamos um vulgar tacho de cozinha. Aos rituais gestos chamemos abluções necessariamente internas com os desinfectantes iniciáticos, vinho, jeropiga, aguardente e outros santos óleos.
Há encontros e workshops sobre cogumelos, tortulhos, (agaricus campestrís) míscaros, sanchas e outros bolores. Desde tempos imemoriais que quem mais conhece e mais sabe disto são os pastores, e todos os anos lemos notícias da morte dum ou doutro que confundiu o comestível com o saborosamente fulminante.
Meninos de cidade sem formação nem experiência, pouco mais que iniciados, cavalgando novos rocinantes, vulgo TT, em breves semanas tornam-se experts na matéria. Apanham-nos em proibidos sacos de plástico e não na regulamentar cesta de vime com buracos suficientes para os esporos se espalharem. Não é o anel ou a sua ausência que os mata, será o fascínio pelo bosque, o pisar o risco, a adrenalina, o fogo, o desafio à morte, ou a inconsciência de impunemente poder violar as leis dos homens, de Deus e da natureza. Que falta a este mortífero anel?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Nem só os Anjos são da Guarda


Há dias, escrevia aqui que, na R da Trindade 8, viveram santos. Não era uma figura de estilo, era uma verdade factual. Tomemos um caso. Uma pessoa que nunca foi à escola, a única entre os seus pares que não sabia ler, embora dotada de fina inteligência, memória e sentido de humor, era dona do 6.º,7.º e outros femininos sentidos. Desde muito menina posta em casa da irmã mais velha, a quem chamava madrinha, ajudando a educar os sobrinhos, servir com devoção filial o cunhado a quem reverencialmente tratava por padrinho. Pessoa que nunca teve nada de seu, nem o nome, pois até isso lhe tiraram numa fútil quezília de baptismo. Enquanto pôde, frequentadora assídua da Igreja sem nunca ter sido beata ou com resquícios de farisaísmo, bem pelo contrário, brincava carinhosamente com algumas figuras mais ridículas. que comparava às sufragistas. Viveu desinteressadamente para os outros. Sempre a conheci um tanto surda e coxa, mas sempre muito atenta. Mudou fraldas e coleou camadas e camadas de sobrinhos directos, netos e bisnetos. De simplicidade absoluta, alheia aos conflitos no médio oriente dizia-se, quando a aborrecia, vítima das minhas judiarias, acentuando que eu era um judeu errante, mostrando a educação de determinada época. Pessoa que conheci sempre defensora e preocupada com o próximo, fosse ele quem fosse, era ela que tomava como suas, as dores, angústias e desejos de todos. Em momentos de apuro de cada um de nós, estivéssemos longe ou perto, punha os Santos à Lareira, isto é, punha pequenas lamparinas acesas a iluminar imagens de santos, que colocava em semi-círculo. Sofria com os que sofriam e também era capaz de rir com os que riam. Um ser social, que conhecia e falava com todo o mundo, foi desde muito cedo, mercê de doença nunca tratada, confinada ao limite interior da casa. Não é preciso procurar muito nos escaninhos da minha memória cenas de muito amor e de muita graça: as imagens mais queridas e as mais saborosas anedotas da minha meninice envolvem-na sempre. Porque sei que está, se passeia ou paira no melhor sítio, lá no lugar reservado aos melhores da nossa espécie, posso aqui publicamente dizer, Bem Haja Tia Aninha, nome por que todos a conheciam, verdadeira santa, por nos teres dado tanto a troco de coisa nenhuma.

domingo, 16 de novembro de 2008

Raspamos os Olhos


Incómoda coisa não vermos. Os sentidos atraiçoam-nos, pressentimos as coisas mas nem as vemos nem ouvimos. Cheiramo-las? Não me parece, não têm cheiro. Apalpamo-las? São factos que ocorrem longe de nós. E quanto a sabor, sabem a trampa, de certeza, mas não passam pelo nosso nariz ou boca. Os casos de Percepção Extra Sensorial são raros, mal estudados e aparecem nos circos, sempre de mão dada com a intrujice.







Então raspamos os olhos, mas eles não vêem.
Chateamos meio mundo, sentimo-nos paranóicos.
Então raspamos os olhos.
Não há trave, nem remela, nem argueiro.
Vemos tudo menos o que queremos
Por mais que raspemos os olhos
Não vemos o que tememos

sábado, 15 de novembro de 2008

Não lhe apertei o papo


Ainda o dia de ontem não tinha sido dado como morto quase me zangava. Comigo é sempre assim, quando a coisa azeda soltam-se gases mais mal cheirosos que numa boutade de Bocage. Nas costas dos outros vemos as nossas. Achei sempre isso má-língua e mediocridade. Mas não foi. Recuperemos a questão. Sobre uma informação técnica uma altercação entre duas pessoas, uma técnica outra leiga. Entro na discussão e desato a pugnar pela educação e pelo bom português. Tudo dentro dos parâmetros da normalidade não tivessem ocorrido em simultâneo alguns factores: estarmos num hospital, o tipo ser médico, falar mal português, enganar-se e a doente ser minha familiar. Já sabia que era assim, mas vi claramente visto, que o principal inimigo na perspectiva do médico é o acompanhante do doente. O tipo um pouco mais alto tinha o meu peso. A proporção era justa, embora ele fosse mais novo. Não me metia medo. Foi intocável por ser colorido. Apeteceu enganar-me e ser tão vil, tão burro e tão mal-criado quanto ele. Mas não fui, saí por uma porta e entrei por outra. É bem verdade, o senhor só será livre quando for liberto pelo seu escravo, Hossana Obama, Hossana Obama, Hossana Obama…vamos dizer isto três vezes ao amanhecer, todos os dias, nas próximas semanas até 20 de Janeiro.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Cuidado com o que se deseja




Quando o dia de ontem morreu estava numa de solidário.
Egoísta, Baby Boomer pós Segunda Guerra Mundial porque hei-de ser solidário? Quem aceita escalas de valores imutáveis? Somos sempre nós e as circunstâncias, Ortega y Gasset dixit. Quando eu delibero os dados estão lançados, diz J P Sartre. Isto eram postulados. “L'enfer c'est les autres“ não se aguenta. Decididamente aí e depois de muitos textos, peças de teatro e de alguma conversa, a coisa esbate-se e amadurecem ideias menos práticas e mais éticas, paradoxalmente menos conservadoras, mais revolucionárias. Respondendo positivamente a tudo o que é novo, desde a carne ao espírito, precocemente comecei a não acreditar a não ser nos seres de carne e osso. Deixei de pensar no Zoo Politikon e no Bípede Implume. Tive a pouca sorte de a sorte me dar quase exactamente aquilo que pedia. Deve-se ter cuidado com o que se pede porque às vezes a sorte concede o que pedimos.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

S Martinho e o novo Imperador


O dia de ontem morreu com o título de Dia de S. Martinho. Óptimo dia para o fígado e outras miudezas. Comeram-se as castanhas, bebeu-se jeropiga e provou-se a água-pé. A maioria das pessoas já nem sabe o que é isso de água-pé. Trata-se duma bebida de baixo teor alcoólico obtida a partir duma espécie de lavagem do bagaço do vinho. Mas tudo muda, e neste mundo composto de mudanças, até o tempo de S Martinho mudou. Nem o solzinho do Verão do santo marcou o ponto, amanheceu e morreu com nevoeiro e chuva. Às tantas já não há pobres, para o santo dividir a capa. Que bom que era. Há cada vez mais pobres e duma pobreza envergonhada.
Já se assam os magustos no baloiço das crianças. Não é que alguém queira mal às crianças; não há é crianças, ninguém acredita no futuro. Sinal de responsabilidade individual e de egoísmo social, ou só de egoísmo. Antes, uma criança vinha como uma bênção, que os velhos, do Restelo e os outros, matavam antes de nascerem, mas que eram sempre um gáudio para os pais e para a comunidade. O bebé vinha com um pão debaixo do braço. Hoje, uma criança é um monte de problemas. Problemas de dinheiro, da legislação aplicável, de procedimentos e mais uma quantidade de coisas, tudo sem manual de instruções.
E a mudança vai-se fazendo…
A propósito de mudança, falemos de outro santo
A coisa mudou e a mudança trouxe-nos um Imperador eleito, colorido, um senador democrata, poético pregador de belíssima voz, de palavra inspirada e inspiradora, que parece falar directamente ao nosso coração. Obama vai trazer-nos alguma mudança, ou pelo contrário, alguma coisa já mudou para que tudo ficasse na mesma, e a mudança já foi.
Os meus piores receios não se concretizaram: aquela Governadora da Terra dos Ursos não será por agora que chega a Duquesa do Míssil. Persiste, como é lógico, o medo que esta promessa de nome Barack, não viva o suficiente, para que possa ajudar a provocar reais mudanças, que julgo possível, entre outras uma: a que todos saibam, entendam, percebam, que fique inscrito na sua mente que há só uma raça, a humana. Como uma amiga, outro dia me dizia, rezemos-lhe pela vida, para exorcizar o medo de lhe rezar pela alma…

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

R da Trindade 8 - Fim (por agora)





Em 1970, a casa alugada pela minha gente desde o inicio do século, foi entregue ao seu proprietário, o Sr Pissarra, já falecido. Herdou-a a filha, Srª D Leontina. licenciada em Historia e casada com o Sr. Eng Telmo Cunha. Estes, pouco ou nada sabiam daquela casa. Não viveram na cidade e as ligações a esta eram pouco mais que ténues. Ela conheceu vagamente et en passant um ou outro de nós, ele nem isso. A vida tem destas coisas, consegue ser sempre mais fantástica que a ficção. Nesta caso, volvidos mais de trinta anos, após a casa ter sido deixada pela minha família e depois de ter sido habitada por outros, quiseram as leis do acaso, que aquele casal a olhasse com olhos de ver. Deverá ter sido uma opção de ambos. Mas quem a leu e descobriu a chave, o segredo mágico e oculto, creio ter sido o homem das barragens. Reconstrui-a à sua maneira,recriou-a como a sentiu, mais tempo na obra menos no estirador, pedra a pedra. Fez nascer um lugar único. Verdadeiro santuário, onde a harmonia e contraste, muitas vezes mostram a síntese entre diversas culturas, tempos e maneiras de ser. Basta ver o acervo museológico de peças regionais.Algumas encontradas no entulho da casa, outras aqui e ali recolhidas e reabilitadas por artistas artesãos a quem pagou do seu bolso. Este casal devia ser tratado como mecenas que são. Além da recuperação desta casa, outros meritórios trabalhos têm feito na cidade. Mas a minha terra continua na mesma, continua a ignorar os seus melhores filhos, naturais ou adoptivos, que de maneira generosa a melhoram, embelezam, e a tornam com uma personalidade irrepetível.
Em tese, é um verdadeiro milagre, este senhor ter percebido o sentido oculto e universal da casa. Longo deve ter sido o diálogo entre ambos, a casa e ele. Porque dessa conversa nasceu, um museu, uma casa de habitação, uma espécie de templo. Sem dúvida uma mais valia para a cidade e para todos. Há que ir lá e ver. A sala de jantar dos meus avós, onde os nossos Natais eram intensamente comungados, é hoje um local de várias expressões de paz. Não pode ser só coincidência…
Sei que a Câmara não nada em dinheiro, mas a verdadeira economia reside em saber gastá-lo, sobretudo naquilo que fica, e não arde na feira constante das mudanças. Eis um local que tem a ver com a memória, com a história, com a beleza e com a idiossincrasia não só duma família, mas também duma cidade. Não puxo por galões que não tenho, pelo contrário, atribuo todo o mérito àqueles que a expensas próprias criaram um sítio ímpar, respeitando os pergaminhos da Casa, que para mim, e para muitos, bastantes casas depois, é ainda a casa das casas.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

R da Trindade 8 - Parte II


Aqui viveram santos.
Era a casa onde viveram e morreram os meus avós e onde imensa prole foi educada com a colaboração sempre atenta duma irmã de minha avó. O meu pai, irmãs, irmãos, e alguns primos, ali aprenderam com quantos paus se fazia uma canoa. Estes primos, eram para mim tios, já que os meus avós os educaram como se filhos fossem.
Depois vieram os netos, às camadas.
Nesta casa havia uma diferença que era a pedra de toque: o respeito incondicional pelo próximo, pelo nosso semelhante, o outro como razão de ser, valores que ainda hoje são verdadeiramente revolucionários. Os Dez Mandamentos, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, a encíclica Pacem in Terris foram textos comentados e na medida do possível vividos. Sem exclusões, nem por motivos de cor, que o diga o Alberto Preto,ou por deficiência, que fale o Abel Doido, ou por motivos politico/religiosos que o digamos todos. Falei daqueles porque já mortos e sem descendência. Eis pois um verdadeiro Templo. Com uma fundamental diferença, a obediência ao chefe legítimo, não a outro mais forte, e respeito absoluto pelos direitos do outro: este será sempre mais importante que tu, o mais velho porque é mais velho e o mais novo porque é mais novo. Este era um dos princípios que entrava em conflito com o instinto de afirmação pessoal. A síntese deste conflito, de alguma forma, moldou o carácter de muitos de nós. Mas fez mais, fez com que os cavalheiros duma prestimosa instituição a guardassem, e arrecadassem um ou outro, mesmo que às vezes fosse por engano. Insisto pois, que para além das piedosas práticas de todos os que a habitaram, aquela casa foi uma Igreja, verdadeiro templo universal para a paz entre os homens de boa vontade.
Possivelmente irei exagerar, mas permito-me dizer que ali se viveram os Natais mais felizes, que podia haver. Durante o resto do ano tinha-se carinho, tinha-se amor e tinha-se toda a atenção. E esta não era necessariamente doce, porque se manifestava logo de manhã ao acordar, antes de qualquer higiene: diz qual a relação de parentesco entre D. João II e D. Manuel I, o que é um substantivo epiceno, quais os afluentes do Rio Tejo na margem esquerda, qual o volume dum cilindro com um cm de raio e dois de altura, e outras tantas questões perfeitamente despiciendas

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

R da Trindade 8 - Parte I


Construída na antiga judiaria foi casa de judeu com toda a certeza: porta larga para o comércio e porta estreita para a residência. Era a Casa das casas, a essência de todas as casas. Era grande, tinha história, calor humano e era o centro de todo um Universo. Gerações ali foram criadas.
Aquela casa foi o domicílio duma família, foi escola, sopa dos pobres, igreja, casa de saúde e repouso. Sei do que falo. Vivi lá.
A maioria das recordações de infância e adolescência, os sonhos de grandeza e sacrifícios, receitas infalíveis para a salvação da humanidade ali nasceram e ali foram acarinhados na loucura dos meus verdes anos.
Falar daquela casa é possível, mas de quem lá viveu, não me acho capaz. Posso referir-me a alguns dos frequentadores, que serão hoje o seu único registo histórico, a pen-drive ainda disponível.
Acedia-se à casa por uma escada, entrava-se no hall e à esquerda um pouco mais longe a cozinha. A mesa oval de madeira, sempre posta, o fogão de lenha sempre aceso.
Na escada, nos dias marcados, juntavam-se pessoas e ouvia-se: - Estão ali os pobres de tal terra, ou num tom mais sombrio, estão ali os doentes do Sanatório. Isto não correspondia exactamente à verdade, porque a verdade era mais pesada. Estavam ali os doentes que tinham estado no Sanatório e de lá tinham sido expulsos. Deserdados da saúde e da sorte a todos os níveis, mantinham-se na Guarda pelos seus bons ares. Todos tinham a sua própria louça, que era lavada e guardada à parte, num velho armário de tom azul.
Escola selecta de muitos que se preparavam para o exame de admissão ao Liceu, verdadeiro tirocínio para quem queria voar até ao ensino secundário.Também foram centenas de candidatas a Regentes dos Postos de Ensino, que habilitadas com a 4ª classe, ali fizeram uma espécie de pós-graduação que as preparava a fazerem um “Exame de Estado”. Se aprovadas, passavam a Senhoras Regentes, espécie de professoras/monitoras num tempo antes da pílula, em que a população se reproduzia com acinte, e em que a doutrina oficial era que o português médio devia saber ler escrever e contar.
Durante muitos anos aquela casa, numa área suficientemente grande, foi a única com telefone, o que só por si a tornava um serviço público.

domingo, 2 de novembro de 2008

Fieis defuntos

O tempo passa para todos, hoje é um dia, amanhã já é outro, e o dia de ontem morreu. Lá rumámos aos cemitérios. E de lá saí tristonho e com um nó nas tripas, não só porque evocámos quem evocámos, mas mais pelo que vimos, naquela enorme e inútil feira de vaidades. Nunca me perdi de amores pelos americanos ou pelo seu estilo de vida. Admiro os seus cemitérios, prados verdes semeados simetricamente por cruzes alçadas e em cada uma um nome e duas datas. Uma simplicidade quase total e um requinte que não são exactamente o timbre do Tio Sam. Impressionou-me bastante ver duas flores cruzadas, como se fossem espadas, aos pés das campas da minha gente, ali colocadas por ignota mão. Este ignota lembra Soares de Passos e vem muito a propósito, adequada que é à época.