domingo, 29 de novembro de 2009

29 Novembro 2009


Faz hoje um ano havia neve;
Fiquei nas costas do tempo,
Sozinho.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Coisas fantasmáticas

Mumadona é a minha avoenga favorita porque não sabia nada de futebol e gostava de política. Como em Portugal há um desconchavo e sabe-se mais de futebol a sério e nada de política à séria, adquiri uma formação que é um percurso marginal à identidade nacional. Mas não quero ser ambíguo, quero deixar claro que mesmo em 1966 e em 2004 fui imune à febre futebolística que apossou o país. Claro que no verão de 66 deixei a esplanada da Madrilena e fui lá para dentro a festejar o 4º. e 5º golo contra a Coreia. Em nome da solidariedade familiar, tive que suportar as dores do Portugal/Rússia em 2004, angustiei-me mas não fiquei contaminado.

As siglas e marcas, mesmo desportivas, que marcaram a minha juventude e que eu detestava estão quase todas mortas e enterradas. Sem citar as comerciais que as há, refiro aleatoriamente algumas das institucionais: SNI, UN, MP, Legião Portuguesa, Exame Prévio. Deixo para o fim uma que abominava e que sobrevive e que sei que é injusto misturar com aquelas, o Benfica. Tenho relações afectivas com muitos benfiquistas a começar pelos meus filhos, mas não consigo engolir semelhante etiqueta, mais pelo que representou do que por aquilo que é, por sinistras que tenham sido as suas figuras de proa.

Há muito pintei para mim o benfiquista: um tipo baixo, impante, cabelo com brilhantina penteado para trás, bigode fininho e o emblema com a águia ao peito. Agora fiz-lhe um upgrade: é um fulano com o mesmo ornamento alado, malcriado, autocrata, ressabiado, de laço vermelho (linda cor) ao pescoço e verdadeira ameaça ao estado democrático.

sábado, 21 de novembro de 2009

Mentira


Mentir não é não dizer a verdade é dizer mais que a verdade, é dizer o que se sente ou nem isso, mas mais que isso. É sempre feio mentir e é tão humano. Quem de nós nunca mentiu? Quem de nós muito em privado e muito levianamente não mentiu e disse coisas que configurariam crimes passíveis de prisão? Não falo de promessas oportunas ao momento, das mentiras piedosas, nem do murmurar do próximo, refiro-me à pequena intriga, deixar no ar a mais inverosímil suspeita ou outras bem mais graves, por terem qualquer coisa de verdade formal? Por mim, na minha insuspeita inocência, garanto jamais ter dito palavras quer por telefone, quer pessoalmente, que pudessem ser consideradas crime, ou colocassem um amigo ou amiga em apuros, se estivesse sob escuta, como é óbvio. Isto é que é mentir com convicção!!!…
Quando rapaz fui alvo dos interesses da PIDE/DGS e tenho um dossier completo onde os meus crimes contra o Estado Português, que não era democrático, são esmiuçados: cartas à minha namorada, inquéritos feitos no Liceu, mostrar o caminho da fronteira, livros que ia lendo, panfletos ciclopicamente distribuídos, comentários ditos à mesa do café, transcrição de conversas que tive e outras que nem mais ou menos aconteceram, passeios, reuniões, colóquios, conferências e encontros que tive e outros por onde nem a minha sombra passou, tudo por lá se encontra. Um detalhe, a cor de gravata que usava no dia da morte de Salazar também consta do meu processo, (lá vem Camus e O Estrangeiro de novo) Quem não chora no dia da morte da mãe é culpado ...
Mentir é isto, é dizer mais que a realidade.
Se houvesse telemóveis até Salazar era preso…
Mas estamos num estado democrático e o poder pertence ao povo e não é coutada de nenhuma corporação, partido ou família, nem dum estado dentro do estado. Investigue-se o que há a investigar mas não se devasse a vida de quem pecou apenas por não ser medíocre e ter amigos de ambígua idoneidade Não deixemos que alguns pulhas, verdadeiros canalhas ressabiados, justifiquem desalentos musculados.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Práticas Familiares


Eis-nos chegados ao tempo do rebusco das castanhas e de apanhar os sinistros míscaros; já foram noticiadas este ano quatro mortes só na região centro.

A coincidência não obedece a leis e diz-se que não existe a fórmula da coincidência. Não acredito em bruxas, pero que las hay, hay. A harmonia da percepção de acasos torna-nos a todos poetas, obscuros sacerdotes de estranha liturgia e há uns mais susceptíveis que outros.

Nesta época de rebusco das castanhas celebremos a vida e o futuro. Saudemos o milagre da existência e reconheçamos a nossa pequenez e a natureza de elo de uma cadeia admirável chamada vida.

Este post tem endereço, pois é minha obrigação dar os parabéns à fonte de vida, a alguém muito especial e que acaba de receber uma notícia singular e vivificante.

Há rituais que não são só um acto cerimonial; desencadeiam forças positivas e novas energias fluem por mais ocultas que estejam: o melhor vai acontecer.

Por isso hoje bebo em honra à(s) mulher(es) da minha tribo.

domingo, 15 de novembro de 2009

Compaixão e ração


Há bocado jantava e tinha um olho e um ouvido no Telejornal. Soube que houve hoje em Lisboa um encontro de várias religiões sobre a compaixão. Tanto quanto julgo saber compaixão é a dor que sentimos perante a dor alheia, seja pessoa ou animal. Mas este sentimento tão humano parece que é desvirtuado na conquista amorosa, na luta politica e na guerra. Obviamente que mesmo em teatros destes há episódios de piedade, outra palavra para compaixão. Mas quando um tipo se embrulha em explosivos e num verdadeiro festival pirotécnico pretende encontrar o caminho do paraíso sabe que todos os que com ele partem encontram fatalmente o caminho do inferno. Que teologia estranha esta onde não cabe a compaixão…
Por uma estranha associação de ideias vem-me à memória faces da cor da lua nova e sem paixão evoco António Guterres, homem de declarada paixão. Com este não houve compaixão e possivelmente foi o mais injustiçado político português. Tem qualidades e defeitos, e os defeitos deste serão provavelmente as virtudes de Sócrates. Parecem-me políticos simétricos, em módulo matemático, serão o mesmo. Sei que parece um atrevimento e uma ofensa a ambos, mas se pensarem bem e sem ironia isto é um elogio.
Ambos mexeram em intocáveis, e eis que aparecem à luz do dia como os cogumelos agora, neste Outono chuvoso, uma multiplicidade de órgãos a defender os interesses dos togados.
Os agora tão mediaticamente presentes foram sempre seres cheios de privilégios, bem pagos, reservados sem necessidade de publicidade, e o barulho das luzes não os incomodava.
Depois, desde a chegada de Guterres ao governo tem sido o que se vê. É caso para dizer: não toques na barriga ao macho quando ele está a comer a ração.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Libertadores Fascistas


A fiscalização da liberdade de expressão e a criminalização de todas as tentativas de divulgação da informação sem o nihil obstat do poder instituído, associado a todas as formas de nacionalismo, religioso ou não, e à xenofobia, é nazi-fascismo. Se alguém, em nome duma ideologia religiosa ou não desrespeitar os fundamentais direitos do homem, é um pregador de ideologia nazi-fascista, seja ela socializante, pró liberal cristã, capitalista judaica ou muçulmana. Criar o Império Americano, devolver poder temporal ao Papa, colocar o povo eleito a governar o mundo, exportar a revolução bolivariana ao planeta, restaurar o Califado e outras ideias mirabolantes têm que ter, da parte de todos nós, o mais absoluto e veemente repúdio. Quando Bush invadiu o Iraque e o Afeganistão eu julgava que era uma guerra entre exércitos fascistóides que pretendiam controlar o comércio do petróleo e da droga. Pensava que o puro Obama pusesse cobro a uma guerra entre fascistas islâmicos pobres e fascistas para-cristãos ricos. Mas parece que o homem sabe mais que isso…

Recordo que a monocultura francesa não conseguiu integrar os milhões de árabes que tem no seu seio e isso é uma verdadeira bomba relógio instalada no peito. Dentro de poucos anos terá uma população maioritariamente de origem árabe e pode declarar-se como república islâmica. Na pluricultural Inglaterra há um bairro, creio que perto de Londres, onde queriam decretar a Shariah e marimbarem-se para as leis inglesas.

Entretanto, os bens pensantes portugueses retiram os crucifixos das escolas e não querem que os filhos tenham aulas de moral e religião. A natureza tem horror ao vazio. Não me canso do dizer: retiremos os nossos sinais que alguém porá os seus. A democracia definha e morre não porque os não democratas ganham mas porque os democratas não fazem nada para a defender.

Eis o triunfo dos porcos.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ao povo o que o povo gosta


Já aqui escrevi, gilando, que neste país só acontece o que explode na televisão. E se há coisa feia nesse proscénio, feia mesmo, são os julgamentos sumários de figuras públicas, com condenação garantida. Jamais me imaginei a defender publicamente políticos de quem não gosto e de quem não tenho procuração. Também é verdade que não precisam de ma passar, já que aqui não há juízo (seja de que ordem for).

Causa-me aperto nos gorgomilos as declarações das mais importantes figuras do poder judicial, que duma maneira que me parece sistemática, vão pondo em causa o próprio regime democrático.

Impolutos órgãos de soberania não escrutinados, e ao que consta nem sequer se levantam quando o PR entra na sala, detêm um tal poder, que com toda a cobertura legal e agradecimento de jornalistas imaculados, fazem em picadinho e enlameiam todos os que tiveram a meritória e triste sina de ultrapassar a mediocridade reinante.

Diante de tão ilustres e patrióticas figuras curvemo-nos e agradeçamos antecipadamente qualquer deriva justicialista e totalitária.

Não sei se é de propósito o esquecimento, mas hoje, (dia 11 de Novembro de 2009) dia de S Martinho, faz 91 anos a assinatura do Armistício algures num comboio na floresta de Compiègne, que pôs fim à 1ª Guerra Mundial, onde batalhões portugueses foram ultrajados pela sua mais querida e velha aliada e pasto da fome, dos piolhos, do sofrimento, da doença e da morte. Nenhum media deu a notícia, que eu desse conta.

Lamento-o


.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ensimesmar




eu enmimmesmo
tu entimesmas
ele ensimesma
nós ennosmesmamos
vós envosmesmais
eles ensimesmam

























































na dúvida siga-se este link






sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Grande Sacador


Ao fim e ao cabo ninguém consegue desenhar os contornos da crise, perante o desemprego galopante e os ganhos dos mercados de valores e o ribombar dos milhões das empresas em permanente reestruturação e sem o mínimo respeito por quem trabalha. Tanto quanto sei, ou julgo saber, a Delphi é uma das muitas empresas que depois de ter mamado as tetas do orçamento e ter gostado, dificilmente consegue viver sem isso. As ajudas à manutenção dos postos de trabalho funcionaram como uma droga. Quando oficialmente for decretado fim da crise a maioria das firmas, hoje ajudadas, fechará as portas e em termos de emprego o pior estará para vir.
Não é só a corrupção que mina a sociedade. É esta atitude, que à falta de melhor expressão, crismo de Grande Sacador.
Os empresários devem ter morrido ou mudaram-se para as Caraíbas, digo eu… Em funções só os de mentalidade de patrão e os seus capatazes licenciados, gente emocionalmente e intelectualmente brutalizada, que não sabe as mais elementares regras de educação e de civismo, nem conhece a função social da empresa.
O sonho do euromilhões pode sedar parte da sociedade durante algum tempo, jamais toda a sociedade todo o tempo. Um dia o balão rebenta.
Haja decoro.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Politécnico


É imperioso que o IPG, nascido de costas para a cidade e no meio de lutas fratricidas, seja requalificado pondo termo à traição de que a Guarda foi vítima.