domingo, 15 de novembro de 2009

Compaixão e ração


Há bocado jantava e tinha um olho e um ouvido no Telejornal. Soube que houve hoje em Lisboa um encontro de várias religiões sobre a compaixão. Tanto quanto julgo saber compaixão é a dor que sentimos perante a dor alheia, seja pessoa ou animal. Mas este sentimento tão humano parece que é desvirtuado na conquista amorosa, na luta politica e na guerra. Obviamente que mesmo em teatros destes há episódios de piedade, outra palavra para compaixão. Mas quando um tipo se embrulha em explosivos e num verdadeiro festival pirotécnico pretende encontrar o caminho do paraíso sabe que todos os que com ele partem encontram fatalmente o caminho do inferno. Que teologia estranha esta onde não cabe a compaixão…
Por uma estranha associação de ideias vem-me à memória faces da cor da lua nova e sem paixão evoco António Guterres, homem de declarada paixão. Com este não houve compaixão e possivelmente foi o mais injustiçado político português. Tem qualidades e defeitos, e os defeitos deste serão provavelmente as virtudes de Sócrates. Parecem-me políticos simétricos, em módulo matemático, serão o mesmo. Sei que parece um atrevimento e uma ofensa a ambos, mas se pensarem bem e sem ironia isto é um elogio.
Ambos mexeram em intocáveis, e eis que aparecem à luz do dia como os cogumelos agora, neste Outono chuvoso, uma multiplicidade de órgãos a defender os interesses dos togados.
Os agora tão mediaticamente presentes foram sempre seres cheios de privilégios, bem pagos, reservados sem necessidade de publicidade, e o barulho das luzes não os incomodava.
Depois, desde a chegada de Guterres ao governo tem sido o que se vê. É caso para dizer: não toques na barriga ao macho quando ele está a comer a ração.

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