quarta-feira, 12 de novembro de 2008

S Martinho e o novo Imperador


O dia de ontem morreu com o título de Dia de S. Martinho. Óptimo dia para o fígado e outras miudezas. Comeram-se as castanhas, bebeu-se jeropiga e provou-se a água-pé. A maioria das pessoas já nem sabe o que é isso de água-pé. Trata-se duma bebida de baixo teor alcoólico obtida a partir duma espécie de lavagem do bagaço do vinho. Mas tudo muda, e neste mundo composto de mudanças, até o tempo de S Martinho mudou. Nem o solzinho do Verão do santo marcou o ponto, amanheceu e morreu com nevoeiro e chuva. Às tantas já não há pobres, para o santo dividir a capa. Que bom que era. Há cada vez mais pobres e duma pobreza envergonhada.
Já se assam os magustos no baloiço das crianças. Não é que alguém queira mal às crianças; não há é crianças, ninguém acredita no futuro. Sinal de responsabilidade individual e de egoísmo social, ou só de egoísmo. Antes, uma criança vinha como uma bênção, que os velhos, do Restelo e os outros, matavam antes de nascerem, mas que eram sempre um gáudio para os pais e para a comunidade. O bebé vinha com um pão debaixo do braço. Hoje, uma criança é um monte de problemas. Problemas de dinheiro, da legislação aplicável, de procedimentos e mais uma quantidade de coisas, tudo sem manual de instruções.
E a mudança vai-se fazendo…
A propósito de mudança, falemos de outro santo
A coisa mudou e a mudança trouxe-nos um Imperador eleito, colorido, um senador democrata, poético pregador de belíssima voz, de palavra inspirada e inspiradora, que parece falar directamente ao nosso coração. Obama vai trazer-nos alguma mudança, ou pelo contrário, alguma coisa já mudou para que tudo ficasse na mesma, e a mudança já foi.
Os meus piores receios não se concretizaram: aquela Governadora da Terra dos Ursos não será por agora que chega a Duquesa do Míssil. Persiste, como é lógico, o medo que esta promessa de nome Barack, não viva o suficiente, para que possa ajudar a provocar reais mudanças, que julgo possível, entre outras uma: a que todos saibam, entendam, percebam, que fique inscrito na sua mente que há só uma raça, a humana. Como uma amiga, outro dia me dizia, rezemos-lhe pela vida, para exorcizar o medo de lhe rezar pela alma…

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