domingo, 12 de abril de 2009

Ozendo , Páscoa 2009


A placa cuja imagem se reproduz aqui ao lado está colocada na fonte da praça do Ozendo. Antes de tudo façamos alguns esclarecimentos. O Ozendo, sobretudo aquela fonte, é o centro ortotécnico do Universo. Desafio quem quer que seja a demonstrar o contrário. Depois, há que informar que o coxo a que se refere a placa não se trata de ninguém que claudique quando anda e que ali esteja todo o seu tempo a dar de beber ao passante. O coxo, naquela terrinha no meio do Nada, perdão, no meio do Universo, é um copo de madeira.
Feitos os preliminares esclarecimentos vamos ao tema que é tangencial à interpretação literal da placa, ou melhor dizendo, descodifiquemos a mensagem subliminar que ela contem. Óbvio que se pretende com aquele aviso que ninguém suje a fonte ou leve o copo. Contudo, há neste aviso algo de muito português e que Salazar soube aproveitar numa norma habitual na forma como a minha geração e as anteriores foram educadas. Ainda por aí há uns resquícios mas julgo que em verdadeira extinção. Estamos em Abril e isso inspira-me…
É um aviso à navegação, uma carta de conduta para a vida. Passa pela vida, mas não deixes nada que te identifique, não deixes marcas, não faças ondas, esconde-te atrás da mediocridade reinante, mantém-te ignoto e de preferência ignaro. Não tentes levar nada contigo, dentro do segredo da tua particularidade, nada, porque nada que não seja comum é teu, tudo o que pensares deves partilhar e como não podes partilhar o que não é standard deixa de pensar, não aprendas, não leias, mas sobretudo não penses, ouve os chefes e os superiores que sabem muito mais que tu; mandar é muito mais difícil que obedecer. Resigna-te a ser feliz... e lerdo.
Estou a passar pela rama um assunto sério e que não se esgota na expressão ou na criação. Isto é a portuguesa não inscrição. Uma das formas de fugir a isso é a oportunidade que a blogosfera veio dar e que alguns não sabem ou não querem aproveitar duma maneira nobre, clara, luminosa e frontal.
Sinais dos tempos, muita coisa, quase tudo melhorou, e há algumas coisas, poucas, que ficam deveras a dever algo à moral e aos bons costumes.

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