quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Tecnologia e Civilização


Há dias estive numa festa onde havia teenagers. Gente nova dá sempre vida e cor a qualquer reunião tornando-a mais divertida. O que trago aqui, porque achei curioso e me fez pensar, foi a maneira como interagiam entre si enquanto os polegares não davam descanso aos teclados dos telemóveis. Conversavam, ou aparentavam fazê-lo, com os presentes enquanto simultaneamente mantinham contacto e prestavam atenção a ausentes.
Li, já não sei onde, que um gestor ligado à moda, Michele Norsa disse que a tecnologia aproxima-nos de quem está longe e afasta-nos de quem está perto. Sei que é da nossa natureza ultrapassarmos os nossos limites físicos. Conheço a ansiedade de estar onde não se está. Sei de fonte segura que os meus netos um dia dirão algo equivalente ao comando de Kirk à Star Trek: blow me up Scotty!!!... Então estaremos quase em simultâneo em dois lugares. Não é a ubiquidade, mas quase.
Vem-me à memória a utilização que fazemos do telefone, do e-mail e todas as redes sociais da internet, porque não esqueço as conversas à mesa no círculo familiar serem pontuadas por psst escuta, deixa ouvir o noticiário, do rádio …. Depois, com a entrada da televisão nas nossas casas o círculo familiar passou a semi-circulo e com a proliferação de terminais telemóveis, pda e portáteis passou a uma linha quebrada de afectos. Mantemo-nos todas as noites num descomunal telecolóquio mantendo silêncio absoluto com quem, ao nosso lado, deprime e queima noites sonorizadas por um inglês americanizado debitado pela idiot box da sala ou do quarto.
Mais progresso é, mais civilização? De certeza não é.

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