Grossos fios prateados, chicotes que estalam ao capricho deste velho amigo barulhento, companheiro de noites povoadas de medos e sombras de quando era menino. Diga o que disser a ciência, para mim és mais que ar em movimento. És mais que o sopro duma divindade qualquer.
Hoje, quase como sempre, vens acompanhado dessas fantásticas cordas de água que fazem com que os telhados pareçam chapéus instáveis. Ameaças e abanas o poste da minha entrada, afasto o carro.
Mas estou velho pá, já não te temo.
Entrei em casa, tirei as luvas
Cheias de nuvens e cinzentos.
Ficam no móvel à entrada da sala
Gemem medos. Depois soltam estrelas
De fantasia...
A seguir, atirei com o frio do casaco
Para cima duma cadeira.
Rio-me ao vê-lo a aquecer-se enroscado
Noutra roupa, mais seca e limpa
A contar ...fantasias.
Ouço quieto
Os seus dramas e ficções em harmonia.
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