segunda-feira, 1 de março de 2010

Ao vento


Grossos fios prateados, chicotes que estalam ao capricho deste velho amigo barulhento, companheiro de noites povoadas de medos e sombras de quando era menino. Diga o que disser a ciência, para mim és mais que ar em movimento. És mais que o sopro duma divindade qualquer.

Hoje, quase como sempre, vens acompanhado dessas fantásticas cordas de água que fazem com que os telhados pareçam chapéus instáveis. Ameaças e abanas o poste da minha entrada, afasto o carro.

Mas estou velho pá, já não te temo.


Entrei em casa, tirei as luvas
Cheias de nuvens e cinzentos.

Ficam no móvel à entrada da sala
Gemem medos. Depois soltam estrelas

De fantasia...

A seguir, atirei com o frio do casaco

Para cima duma cadeira.

Rio-me ao vê-lo a aquecer-se enroscado

Noutra roupa, mais seca e limpa
A contar ...fantasias.

Ouço quieto

Os seus dramas e ficções em harmonia.

Sem comentários: