segunda-feira, 29 de março de 2010

Quando dar a outra face é pecado


Conhece-se a maneira como os estudantes alemães aproveitam o tempo pois mesmo quando comem vão lendo os manuais. Obviamente que para os seus colegas do sul da Europa, muito mais emotivos e sonhadores, as refeições são sagrados momentos de convívio.
Isto conduz fatalmente a atitudes bem diferentes face aos problemas que a vida coloca. A história que se segue é verdadeira. Mostra como reagimos mais com o coração do que com a razão e como isso pode levar a situações caricatas. Há dias, a casa de campo de pessoa das minhas relações foi assaltada. A GNR tomou conta do caso e deteve o gatuno. Entrou em contacto com a dona da casa, a quem explicaram quem (o fulano já estava referenciado) e o que lhe tinham furtado, sobretudo enlatados e refrigerantes. A boa da senhora, de coração junto à boca, disse aos guardas que não queria nada do desgraçado, não apresentava queixa e nem sequer queria o que lhe tinha sido furtado. Pelos vistos o furto não é crime público e a GNR em vez de levantar um auto e levar o larápio ao MP activou a linha de emergência social. Assim, o excelentíssimo gatuno em vez de ser punido como merecia, teve tratamento VIP, foi levado com o produto do roubo, de automóvel, devidamente acompanhado, até à residência da família, tudo a expensas do Estado. Nesta história, toda a gente agiu mal. A minha amiga que tomou uma atitude piedosa e de coração generoso para com um desgraçado mas de legitimidade duvidosa, a GNR que não soube ou não quis dar a volta à situação e a Linha que fez um serviço que de todo não lhe cabia. O crime compensou com a prestimosa colaboração de todos incluindo as autoridades. Não houve o correctivo merecido e possivelmente o autor irá repetir a graça. Esta história só é mesmo possível entre nós, mostra como somos, ainda que a sorrir não ficamos nada bem no retrato.

2 comentários:

Marco Lucas disse...

Ó valentim lá tás tu com o teu quixume provinciano... Tás com inveja querias ser tu a ser levado ao colo?
Para isso precisavas de ter tido tomates para fazer o assalto! E olha que não é fácil tomar a decisão de assaltar algo ou alguém. Isto porque até para o mal é preciso ter coragem.
Mas tu tão filosófico que és não sabias disso.
Esse individuo quebrou a barreira do socilamente correcto. Essa barreira que provincianos parolos com a mania da filosofia como tu, nunca quebrariam.
Olha ó Valentim, mete as tuas filosofias da treta no cú...
Abraço

Júlio Valentim disse...

Pacóvio poderei seguir o conselho sem dificuldade. A luminária do teu perfil ilumine o mais íntimo de ti.
Escrever expondo o nome e a cara é um exercício que pressupõe coragem. Muito mais que escrever urbanóides comentários mais ou menos anónimos.