domingo, 28 de março de 2010

Trabalhar para o boneco


Fechado o ciclo do Império, Portugal ficou sem objectivos, e salvo em dois efémeros momentos, nunca mais teve uma verdadeira estratégia nacional. O remate desse ciclo teve implicações à escala planetária e ainda é muito cedo para que se faça o competente comentário histórico. Como durante séculos houve um objectivo havia fatalmente um planeamento, uma organização e um controlo. Nunca se definiu novo paradigma permanecendo o espírito e todas as sequelas correspondentes ao extinto modelo. Digo isto sem qualquer rebuço pois todos sabemos que o povo português é boa gente e trabalha com elevados índices de produtividade em toda a parte menos portas a dentro. Só porque não temos organização democrática capaz. Temos de facto uma forma republicana e democrática de exercício do poder político, mas não no sentido mais amplo: com instrução cívica, justiça célere e coesão social. Como não é possível levar os ricos a verem como vivem os pobres e levar os pobres a verem como trabalham os ricos, acontece que todos conhecemos empresários falidos a viver impune e principescamente no Algarve, procuradora adjunta apanhada em flagrante a roubar, gestores de empresas públicas a ganharem dez vezes mais que Obama, o poder judicial a querer exercer o poder executivo e 1/5 da população a tomar antidepressivos.

É imperativo para todos nós obrigar os vígaros corruptos, com ou sem alvará, e todos os antidemocratas a respeitar as mais elementares regras do respeito pelo próximo, não faças ao outro ou à comunidade o que não queres que te façam a ti. É um trabalho difícil, mas possível. Basta querermos e não ficarmos por pias intenções de desejar que isso aconteça. Despenalize-se o corruptor activo e vamos ver o que acontece.

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