quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Troai canhões cuspi a morte



No instante que ouço mais um atropelo às mais elementares regras do bom senso, da justiça e do direito, a escalada de violência na Faixa de Gaza, veio-me à memória o belo texto A Gota de Mel do arménio Hovanés Tumanian. Quando rapaz fiz parte do grupo que a teatralizou no Liceu, dirigido pelo saudoso e nunca homenageado Dr. Francisco Proença Pissarra, pedagogo singular que marcou de maneira indelével e positiva milhares de cérebros. A minha terra, sempre igual a si própria, continua a ignorar os seus melhores filhos. Qualquer ave de arribação, qualquer cuco que por aqui apareça é rapidamente posto nos cornos da lua, porque os daqui naturais, fazendo jus ao provérbio, jamais serão profetas na sua terra.
Quem conhece o texto sabe que no fim da guerra, os dois últimos soldados já exauridos matam-se sem saber porquê, sem saber como foi que aquela história começou. Neste caso sabemos como foi que esta história/guerra principiou. Imaginemos que os italianos aqui chegavam a reivindicar direitos de posse porque há dois mil anos, também aqui foi a sua pátria. Como reagiríamos enquanto povo? Beirão, com garantida costela de judeu, sofro pelas duas partes, e desejo ardentemente que em vez duma guerra religiosa/politico/cultural/económica haja, naquela terra, brevemente e para todos uma suave azul e clara noite.

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