quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Luar de Janeiro

Posted by Picasa

Das mais belas sonatas à versalhada mais pueril, das mais infantis às mais elaboradas e eruditas manifestações artísticas há obras tituladas luar. Muitas remetem directa ou subliminarmente para o de Janeiro.
A noite até pode ser glacial, mas que tem uma luminosidade prateada diferente tem, que os objectos adquirem contornos mais vivos e que os corações românticos palpitam e muitas borboletas acordam nas nossas entranhas também. Tem de haver algo de muito velho na espécie humana que ele activa.
É como um presságio. Sentimos que entrámos na curva ascendente do tempo. Uma luz prometedora vem lá. Trata-se dum conhecimento que vem do mais profundo passado, mesmo antes de sermos humanos. É de alguma forma um pronuncio de primavera, um chamamento à vida, o renascer após o frio, filho querido da morte.
Entre nós, quando alguém diz que não há luar como o de Janeiro, diz-se logo nem o de Agosto que lhe dá no rosto. E com alguma brejeirice continua-se que não há amor como o primeiro, nem lenha como do azinho, nem filhos como o do padre que chamam ao pai padrinho. Primeiro amor, noites de Agosto, calor, relações reprimidas tudo referências a quanto há de mais primevo e vital.

Sem comentários: