segunda-feira, 14 de junho de 2010

Haja decência


Do defunto papão comunista que comia criancinhas (que Deus me perdoe pelo que acabei de pensar), ao imperialismo americano, agora mais ocupado com os seus assuntos internos do que na construção da American Pax, passando pelo refluxo dos movimentos árabes mais radicais, e com a oposição sem a coragem de tomar o poder, resta-nos o governo a servir de bode expiatório. Nem no consulado de Santana vi tanta unanimidade. Recebo emails de todos os sectores de opinião satirizando e socratisando os nossos dias.

Julgo não fugir à verdade dizer que desde Afonso Henriques, com o bem lembrado esquecimento de pagar o que devia, o povo desconfia do poder. Para o Zé-povinho o Estado nunca foi pessoa de bem, salvo com os excepcionais e honrosos momentos como os de D. Pedro I, D. João II, Conde da Ericeira e Marquês de Pombal. De resto a nossa história é igual às dos outros países, escrita pelos poderosos. Foi tirar aos fracos e proteger os fortes. Foi isso o exercício do poder, até ao fim do Ancien Régime ou da Idade Moderna, como aprendi. Depois, nem em toda a Europa a coisa foi igual…

Como com a globalização e a crise, ou o mercado e as finanças em reestruturação, ou o Bezerro a recompor-se, que é a mesma coisa, legitima tudo, atrevo-me a dizer que há condições objectivas para o governo fazer duas coisas: despenalizar-se o corruptor activo e atirar-se como gato a bofes aos trânsfugas aos impostos que nos gozam de fininho, aos que vivem em resorts no Algarve, aos que utilizam carros de alta cilindrada em nome de sociedades sediadas sabe Deus onde, aos que não têm despesas pessoais e titulam contas em offshores mas que a Banca Nacional sabe e pode identificar. Isto porque é Verão e apesar de tudo consegue manter-se a paz social que outros não manterão.

Há dias, um colega ainda no activo, noutro banco que não aquele em que trabalhei, dizia-me que cerca de 60% dos activos do seu banco, titulados por particulares, tinham emigrado para offshores. Senhores do Governo, isto acontece porque deixam ou querem. O nosso melhor capital é o povo, respeitem-no.

O tempo é outro, mas recordo que emiti muita livrança para liquidação antecipada de Depósitos a Prazo.

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