Conheci o Capitão Galáctico.
Lúcido, excessivo, budista, católico, judeu, nacional-socialista, cheio de dinheiro e com um nauseabundo cheiro a loucura, miséria e morte. Desprezava como eu a falta de luz própria. O Capitão Galáctico tinha a sua loucura mas sempre encontrei nexo no que dizia.
Envelheceu prematuramente, ou talvez não. Depois de inabilitado a linguagem eram farrapos de frases.
O unicórnio procurava a espada...
Foi na estação que o vi pela última vez dum lado da rua como alguém que há muito tempo se despediu deste mundo, porque fujo dos que estão marcados pela morte. Não o cumprimentei, pior, fiz que não o vi. Não precisava de lhe dizer nada, porque quem parte é que se despede, desculpa estapafúrdia
Isto fixou-se na minha cabeça como uma triste e repugnante perversidade da minha vida. Foi abjecta. Ele num estado deplorável e eu com medo de o cumprimentar. Isto é tão execrável que já tinha esquecido. Hoje passei à sua porta. Passei, olhei, escutei o rádio do carro, mas não tive ocasião de fugir à recordação.
Somos assim mesmo.
À mercê do medo social e da mesquinhez.
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