domingo, 7 de dezembro de 2008

Refreshing


Frequentei algumas escolas de virtudes, entre elas a tropa, 39 meses e 19 dias, e a Banca, mais de 30 anos. Daí ter ficado a reconhecer como única ciência exacta a aritmética. Digo aritmética elementar, porque da exacta Matemática, muitas soluções para poucas variáveis, ou melhor, soluções à medida da variável mais interessante. “Os números depois de tratados (torturados) acabam sempre por dizer tudo o que quisermos”. Durante a minha vida profissional assisti a algumas revoluções, a da Organização e Métodos que permitiu racionalizar procedimentos e fazer uma colecção de anedotas, a da Informática que nos obrigou a marchas forçadas por montes e vales desconhecidos, muitas vezes sem bússola e finalmente a revolução do Marketing que anunciava brilhantes novas auroras, com a venda de exóticos produtos financeiros, mas que quem era portador da velha moral bancária adivinhava serem tristes e cinzentos pores do sol. Não era preciso mais que saber aritmética elementar e saber que as notas por si só não são parideiras. O dinheiro sozinho não produz riqueza. É óbvio que um marketing assanhado a oferecer crédito a rodos, sem a competente análise de risco, geraria números, só não se sabia por quanto tempo. Era em toda a parte vulgar conceder um crédito para pagar outro antes que este entrasse em contencioso. Se um cliente falhava duas ou três prestações renegociava-se o empréstimo e passava de 25 para 35 anos, creio que agora já vai em 40. Agora que a crise mostrou a natureza do mercado, Deus oco, servido por incompetentes e sem escrúpulos marqueteiros, querem apostar comigo que há só que fazer um refreshing? É sempre bom utilizar um termo inglês, dá solidez ao que afirmamos, como se faz no marketing, e antes do próximo Verão, começar outra vez a emprestar-se dinheiro, primeiro parcimoniosamente e depois a torto e a direito. Em Portugal, país pobre e sem recursos, de repente apareceram milhões para salvar a vida aos bancos mais aflitos. Para quê, senão para manter tudo na mesma, os ricos cada vez em menor número e cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres e em maior número.

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