domingo, 14 de dezembro de 2008

Portugal é Lisboa o resto é paisagem


No decorrer da minha vida sempre que alguém se me dirigiu dizendo “sou de Lisboa” fatalmente que se seguia a expressão “desculpe não sei onde é isto ou aquilo”, “não sei como se faz” e outras tantas equivalentes. Na minha cabeça foi-se formando uma opinião sobre os que nasceram ou por lá viviam. Mais tarde quando tive que viver em Lisboa a minha opinião não se alterou. Uma ocasião assisti a um delicioso diálogo num encontro familiar, onde duas mãezinhas conversando com a respectiva prole uma disse para a filha, vês aqui a tua prima já está no 5 º ano (actual 9 º), ao que a menina cheia de prosápia e desenvoltura respondeu: mas eu sou de Lisboa.
Curiosamente, sempre que evoquei a minha origem e dizia que era da Guarda, cá de cima do meio da Serra, de forma que os "s" soassem a "x", era por termos já o caldo entornado e não para pedir misericórdia. Julgava que isto com o tempo se esbatesse, contudo, tenho tido necessidade de dizer ao telefone mais que uma vez numa só semana que “Portugal é Lisboa e que o resto é paisagem”. Verifica-se a todos os níveis que as decisões são tomadas de forma a ritmar a vida das pessoas e serviços em todo o País de igual forma sem ter em conta a opinião, os valores e contravalores dos que não residem em Lisboa nem querem residir.
A última agora é ouvirmos frequentemente na Rádio e na Televisão que isto está a acontecer ali às Janelas Verdes, é ali ao Príncipe Real ou venha ter connosco à Av. de Liberdade. Semelhante comportamento é válido para as rádios locais, jamais para canais de audição pelo menos Nacional.
Sabendo que numa faixa de 80Kms à Beira Mar entre Viana do Castelo e Setúbal vive 80% da população, e com o aquecimento do planeta será altura de pensar que as águas subirão sem clemência. Que tal ir dotando o interior de dispositivos e centros de decisão que paulatinamente nos foram roubando?

Sem comentários: