quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Pátria


No mesmo dia ouvi duas expressões que me fizeram pensar. Num canal de cabo ouvi um espanhol falar dos Grandes de Espanha e alongar-se sobre as virtudes duns tantos. Ninguém se riu, ninguém achou estranho, ninguém olhou para trás. Tão pouco achei estranho, nada daquilo me soou mal. Instantes depois, na SIC notícias, ouvi um jornalista dizer que salvo determinado cavalheiro, em Portugal, mais ninguém podia dizer a palavra Pátria. Dizia ele e com razão que em alguns meios se tal palavra fosse proferida quem a ouvisse sentir-se-ia constrangido. Chegámos de facto a este ponto, incapazes de valorizar o que é nosso, envergonharmo-nos dos nossos maiores e na nossa filosófica não inscrição, matamos a terra que nos fez gente.
É pacífico dizer que um dos grandes escritores da nossa língua foi Eça. Mas também serei capaz de jurar que esta maneira de dizer mal de nós próprios duma maneira tão corrosiva a ele se deve. E isso pegou-se a toda uma intelectualidade que com sobranceria tem dominado a racionalidade portuguesa. Como não podemos todos ser Carlos da Maia fazemo-nos Dãmasos Salcede nas responsabilidades sociais. Não sei se um bom escritor tem que ser patriota e boa pessoa. O que me parece é que devemos ao autor daqueles dois personagens este negativismo maioritário. Há que fazer esforços para nos sabermos valorizar, obtermos e exibir orgulho nacional de qualquer forma, menos com pindéricas bandeiras aspergindo lágrimas pelas desgraças da selecção de futebol.
Morte aos Dâmasos. Vivam os Jacintos, vivam os Carlos da Maia.
Isto é uma forma de dizer que os mortos repousem em paz e vivam os vivos. Tomemos o caminho da Liberdade e construamos o Futuro. Enterremos o Salarzito que nos encolhe. Vamos por a nossa impressão digital naquilo que fazemos.Responsabilizemo-nos
Inscrevamo-nos.

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