
Acabo de ouvir o noticiário da televisão e evoco o meu amigo Nuno e as suas teses Zen. De todo o mundo as noticias são: chacinas, guerras, disputas intermináveis, terramotos, hoje nas Honduras. Entre portas, não me refiro aos manos, políticos acusados de enriquecimento sem causa, eutanásia, prática com que concordo, discutida e crismada como testamento vital e nitidamente apenas forma de poupar dinheiro aos serviços hospitalares; juízes que se arrependem das sentenças que ontem proferiram e adjectivaram abundantemente, para dizerem que não eram permeáveis aos media e agora parece já serem. Ai o barulho das luzes.
Reflectindo um pouco no estado da humanidade, seja lá isso o que for, julgo que a humanidade é inimputável dado o seu estado de não consciência. Há dois mil anos Cristo disse “perdoai-lhes Senhor que não sabem o que fazem”. Continuamos a gatinhar e a fazer o xixi na fralda. Não se cresceu espiritualmente.
Há os problemas existenciais e os conceptuais. A baralhá-los somos exímios. A linguagem trai-nos. Em português podemos afirmar que estamos e que não somos. Isto tem algo de engraçado: nós não somos, estamos. Isto pode ser uma consolação, não sou gordo estou gordo, não sou feio estou feio, não sou velho chato, estou velho chato. Há algo de transitório. Tira-nos identidade mas é uma maravilhosa desculpa esta noção de características transfinitas e só no momento. Mas como dizia Heidegger, desculpem o pretensiosismo, ”o ser não pode ser considerado sem a ideia de tempo: só podemos estar presentes no presente, portanto, só podemos existir no sentido que existimos no tempo”.
O que é ser-no-mundo. Porque é que estou aqui. E afinal o que é a existência.
Eu existo porque os outros existem, neste momento.
Mas conceptual e existencialmente os outros e sempre os outros, são de facto a única razão de existência.