quinta-feira, 28 de maio de 2009

Pensamentos em Azul


Hoje esteve um dia lindo, de céu azul, verdadeira revelação em tons de azul.
Acabo de ouvir o noticiário da televisão e evoco o meu amigo Nuno e as suas teses Zen. De todo o mundo as noticias são: chacinas, guerras, disputas intermináveis, terramotos, hoje nas Honduras. Entre portas, não me refiro aos manos, políticos acusados de enriquecimento sem causa, eutanásia, prática com que concordo, discutida e crismada como testamento vital e nitidamente apenas forma de poupar dinheiro aos serviços hospitalares; juízes que se arrependem das sentenças que ontem proferiram e adjectivaram abundantemente, para dizerem que não eram permeáveis aos media e agora parece já serem. Ai o barulho das luzes.
Reflectindo um pouco no estado da humanidade, seja lá isso o que for, julgo que a humanidade é inimputável dado o seu estado de não consciência. Há dois mil anos Cristo disse “perdoai-lhes Senhor que não sabem o que fazem”. Continuamos a gatinhar e a fazer o xixi na fralda. Não se cresceu espiritualmente.
Há os problemas existenciais e os conceptuais. A baralhá-los somos exímios. A linguagem trai-nos. Em português podemos afirmar que estamos e que não somos. Isto tem algo de engraçado: nós não somos, estamos. Isto pode ser uma consolação, não sou gordo estou gordo, não sou feio estou feio, não sou velho chato, estou velho chato. Há algo de transitório. Tira-nos identidade mas é uma maravilhosa desculpa esta noção de características transfinitas e só no momento. Mas como dizia Heidegger, desculpem o pretensiosismo, ”o ser não pode ser considerado sem a ideia de tempo: só podemos estar presentes no presente, portanto, só podemos existir no sentido que existimos no tempo”.
O que é ser-no-mundo. Porque é que estou aqui. E afinal o que é a existência.
Eu existo porque os outros existem, neste momento.
Mas conceptual e existencialmente os outros e sempre os outros, são de facto a única razão de existência.
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4 comentários:

Maria das Graças disse...

Júlio concordo que a humanidade vive uma crise de valores éticos em todos os sentidos. É o caos instalado...
As vezes perguntamos onde ficaram os ideais humanísticos? Por que tanta indiferença, desamor e mediocridade que são lugares comuns...

Uma esperança tenho já diz uma sabedoria popular:"quando a corda estica,se arrebenta...e aí começamos novamente. Creio eu, uma otimista, seremos melhores.

Abraços.

Helena disse...

Quem pensa grande também erra grande, afirmou Heidegger.
Eu acrescentaria, do alto da minha tão evidente ignorância: pena é que muitos errem grande sem nunca terem pensado...
Whatever...

A minha vénia, Sr. Júlio.

Helena Alves

Júlio Valentim disse...

Nem todos se podem gabar de frequentar e trabalhar num pensatório.

Helena disse...

Pensatório...
Deriva da palavra latina "penso", certo?
Como não quero plagiar o Descartes não acrescento "penso, logo existo". Prefiro dizer: "penso, logo utilizo soro fisiológico, Betadine que depois limpo e, em seguida compressa esterilizada!"
Mas isto sou eu, socorristazita de terceira...
It's like... you know.
A minha vénia, of course Sr. Júlio.
Helena Alves