quinta-feira, 4 de junho de 2009

Inicio-me na fenomenologia



Costuma dizer-se que a realidade é sempre mais fantástica que a ficção ou que a diferença entre realidade e ficção é que a esta exige-se que seja credível. Eis algo de fantástico. Perto de ser sexagenário e sabendo que burro velho não aprende línguas comecei a ler o Ser e Tempo de Heidegger.

Enquanto cábula aluno liceal de filosofia, do saudoso Dr.Francisco Pissarra, o meu estudo afogou-se em Kant.

Em paralelo e posteriormente tive passagens meteóricas, anos 60, por Camus, sobretudo com o marcante Estrangeiro, (evoco com frequência Mersault a beber café no velório da mãe, condenado mais por isso do que por ter disparado e morto um homem), caí demorada e um pouco mais fundo em Sartre, desde A Náusea, As Palavras e toda uma série de peças/tese de teatro, li (digeri?) L'Homme Unidimensionnel de Herbert Marcuse porque o estruturalismo era moderno, (após Maio 68), e acima de tudo, tive gosto em aprender com o irrepreensível pedagogo Bertrand Russel, particularmente na parte da História da Filosofia.

Depois, enfim, veio a fase mais bicuda: traduções da colecção francesa Que sais je?. Aí sim, a coisa complicou-se. A Filosofia era outra e determinava comportamentos, já não era uma coisa que se discutia diletantemente à mesa do café. Visto a esta distância até nem parece mau. Mas foi uma época marcada por raciocínios pretensamente tão anti-dogmáticos que só por si constituíam verdadeiros dogmas de fé. Meados dos anos 70 em pleno "Prec" surge-me La matin des Magiciens, verdadeiro despertar dos mágicos.

Agora chegou a vez de contactar com Dasein (Presença, Consciência, Pre-sença, Ser Aí)) de Heidegger, conhecer as cópias sem original de Baudrillard, e La différence de Derrida . Prometo não pegar em Levinas.

Suponho que não me fará mal. Já devo ter idade para isso.


1 comentário:

Unknown disse...

Julio

Tenho acompanhado as tuas escritas e pronto mereces os parabens. Chamávamos-te o politico, lembras-te? Li esta coisa já não sei quantas vezes e só me lembro de Kant e do frances Sastre.O Xico Patalonga ficava todo contente. Mas as gajas é que vos lixavam.