sexta-feira, 23 de abril de 2010

Comichão nos gorgomilos


O País das Maravilhas da conhecida Alice, a ilha reino de Liliput onde acordou Gulliver e a República das Bananas são países desenhados por quem quer caricaturar uma realidade aborrecida sem chamar os bois pelos nomes. As últimas que chegam da minha xanta terrinha equivalem a um desses reinos de fantasia. Em determinado processo, o autor do crime provado de corrupção activa é absolvido, sendo condenado quem cumpre o dever moral e cívico do denunciar, e quase em simultâneo o Sindicato dos juízes, (será Grémio?), pede a extinção da Ordem dos Advogados, (será um Sindicato?). Não me refiro a um processo kafkiano que ocorre num exótico e esdrúxulo estado, falo de Portugal, a terra onde Eu nasci, onde já houve uma aristocracia de toga, país com oito séculos de história e que já ultrapassou os mais diversos desaires, exógenos e endógenos, desde a ocupação espanhola, as invasões francesas, à guerra civil, ao colonialismo inglês à ditadura salazarenta com censura. pide e tribunais plenários.
Faltava-nos esta: uma agremiação de pessoas que constituem um órgão de soberania (o que por si só é uma aberração), querer acabar com a voz incómoda duma Ordem profissional. Isto não é notícia fabricada, eu ouvi-a da boca de quem a proferiu. É como uma ponte que se parte.
Quase me conforta saber que os Advogados têm além da Ordem, uma espécie de cancro político que nos corrói, as Sociedades de Advogados que trabalham para o Governo.
Sei que a esmagadora maioria dos licenciados em Direito não merecem isto, mas a novíssima plutocracia forense, essa sim, merece.

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