domingo, 18 de abril de 2010

Guardas


Na Terra há locais fantásticos desde paraísos a reais infernos. O bocado que nos coube em sorte é o laboratório do que não deve ser feito. Aprendizes de feiticeiro, às vezes cheios de boa vontade e pouco conhecimento, julgam ter visto, deduzido, intuído, sei lá, ter descoberto coisa que valha a pena, e com a irresponsabilidade narcísica própria destes tempos, sem cautela, acham que basta fazer a experiência e fazem-na: veja-se o resultado desde a justiça ao ensino após os ensaios levados a cabo e firmados por sindicatos de doutores, por extenso como convém. Desde que não dê muito trabalho, seja original, moderno ou importado, é bom.

Sempre que tenho que passar a pé, como é óbvio, na R do Comércio da minha terra, os mortos caminham a meu lado. Sem querer ser injusto, refiro dois dos locais como dos mais emblemáticos que cumprindo as leis do dinheiro se transformaram em agências bancárias, a Casa Armando e a Cristal. Após a requalificação daquela rua, uma passou-se para a R Marquês de Pombal, a outra para o Vivaci. Eis uma R do Comércio sem comércio bancário. Nem os chineses ali abriram uma loja. Deverá haver razões para lá dos meus gostos.

Detesto passear sozinho naquela rua, sinto-me exótico na companhia de fantasmas. Um interland entre duas Guardas

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