terça-feira, 11 de agosto de 2009

Regionalização, outra vez??!!


Conheço todos os argumentos a favor da regionalização. Sendo a maioria dos meus amigos a ela favoráveis, eu não sou.
Depois do povo já se ter pronunciado, ao que percebo, terão que se fazer tantos referendos quantos os necessários para obter democraticamente o desiderato duma inteligência que não gosta de ser contrariada e ao que parece tem o desígnio divino de nos guiar a todos. Mais ou menos o que está agora a acontecer com a Irlanda em relação ao Tratado de Lisboa.
Só de pensar que em vez dum ou dois duques com as suas inefáveis cortes e com toda a pirâmide de serventuários, teríamos que pagar mais cinco, fico com comichões.
Se 80% da população se concentra numa faixa do litoral entre Viana do Castelo e Setúbal onde é que o resto do País arranja massa crítica para se constituir em regiões? Contudo, e muito a sério, sou a favor de alterações à actual divisão administrativa, mas a começar pelas freguesias; acabem-se com umas e criem-se outras, bem como os concelhos e distritos. Alterem-se as competências a estes últimos, atribuam-se-lhes mais verbas e poder de decisão e acabem-se de vez com as marcelistas, (tecnocráticas??), e antidemocráticas CCDRs. Talvez passar de 18 distritos para um pouco menos, mas como Autarquia Local e Procuradoria do Governo e não mera circunscrição administrativa. Criar governos regionais e as inconvenientes assembleias eleitas com as mordomias inerentes, não concordo. Sou visceralmente contra a força concentracionária de Lisboa, mas regionalizar seria pior a emenda que o soneto. Querem acabar com os distritos mas ninguém disse que nestes cento e setenta e quatro anos prestaram um mau serviço. Lembra-me a maneira como liquidaram os Liceus. Acabam porque sim, decidiu-se assim, sem mais. Foi mais democrático…
O cúmulo da regionalização em Portugal deu-se com D. Afonso V. No ano em que o filho, o Príncipe Perfeito, foi coroado D João II ditou para a História:"meu pai deixou-me rei das estradas de Portugal”. O resultado é conhecido, arranjou forma de acabar com a regionalização existente e simultaneamente proceder à nacionalização dos bens dos ducados, chamando-os à coroa da maneira mais eficaz. Decapitou-os e não apenas em sentido figurado. Assim criou, para o bem e para o mal, condições objectivas para que os navios portugueses chegassem à Índia e ao Brasil que ainda hoje é o nosso passado fabuloso e pasme-se, o nosso futuro tão mítico quanto real. A Europa maioritariamente branca, alter-ego dos States, mais ou menos católica, multicultural e complacente, como a conhecemos, tem os dias contados.
Padre António Vieira e Fernando Pessoa foram clarividentes só não empregaram as palavras globalização, europeização do mundo e muitas categorias de pretéritos.
Por aqui fiquemos, onde nos levaria este raciocínio!!!...

Sem comentários: