quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A César o que é de César


Não limitarei a liberdade de expressão a ninguém, isto é um axioma. Diria mesmo mais, daria a minha própria vida para que qualquer um tenha o direito de se expressar livremente, seja por escrito, verbalmente ou por qualquer forma de representação artística. Isto não é retórica, refiro-me mesmo a bater-me fisicamente pela liberdade. Toda a gente pode e deve dizer tudo o que lhe apetecer sobre tudo o que quiser e o seu concurso será avaliado de acordo com o ethos, a sua credibilidade. Posto isto vamos ao que interessa.
Pessoalmente entendo que na intimidade de sua casa cada um come do que gosta e por onde quer. Hoje sei que ser-se homossexual não é uma questão de escolha. Nasce-se assim, como se pode nascer com qualquer outra característica que marca para sempre um indivíduo, como a cor da pele, o tipo de cabelo, o tamanho do cérebro, etc.
Assim sendo ninguém tem o direito a ser homofóbico, como não se pode ter o direito a ser-se racista, em qualquer caso discriminar só porque o outro é diferente.
Reconheço à Igreja Católica todo o direito de dar a sua opinião sobre todos os assuntos. Mas sabemos o resultado de algumas das opiniões da Igreja sobre o que envolve a sexualidade, a começar pela pílula. É mau perder (ou ter?) o sentido de oportunidade. A Deus o que é de Deus, a César o que é de César e no momento em que o alto clero abre as suas trombetas contra a proposta de se legislar sobre a união de homossexuais, depois fazer uma emenda pior que o soneto, faz um grande favor a César, na ocasião em que este é vergastado por um patrão, o dono da Jerónimo Martins e simultaneamente pelos patrícios da oposição no Senado. Não sei se César saberá agradecer semelhante cortesia que objectivamente lhe foi feita.

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