quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Lembrando António Aleixo




Para a mentira ser segura
Atingir profundidade
Tem que trazer à mistura
Qualquer coisa de verdade
(António Aleixo)



Quando ouço alguém dizer que actualmente há medo em Portugal e que as pessoas não se expressam em plena liberdade fico meditabundo. Parece que quem diz isso ou vive na Madeira, ou não viveu no tempo da paz dos cemitérios, tempo duma só opinião. Falar sempre se falou, embora as paredes tivessem ouvidos, e muitos de nós pagássemos mais ou menos por isso. Falava-se mas não se divulgava pelos canais normais o que era pensado ou dito.
Sei o que é o clientelismo. Também sei que uma fineza com outra fineza se paga, sobretudo nas pequenas povoações. Mas na generalidade a blogosfera é um argumento em sentido inverso. Quem diz alarvidades semelhantes e quem as divulga de imediato provam o contrário. Não são homens avinagrados pela vida, mas aviagrados impotentes, com saudades de comerem, no sentido mais lato que a palavra possa ter, na área do poder.
Quem não deve não teme. Há dias falei bem dum banqueiro, hoje defendo o regime, eis um perigoso sintoma de velhice. A tudo se chega enquanto a vida dura. Ser antiquado e conservador não vai muito com a minha pele, mas enfim, há traços de personalidade que só se manifestam com os anos. Às tantas cheguei à altura de prezar as pantufas, ficar paralisado frente à idiot box e nos momentos produtivos dedicar-me às ciências ocultas e escrever em blogs.
Mais ridículo que um politico manipulador e hipócrata é outro mais demagogo ainda esgrimindo argumentos azulados, arranjados na esquina do pecado ou na farmácia. Ocorrem-me à memória muitos e de todos os cambiantes dos clubes partidários…
Neste momento, mais que nunca, são necessários políticos que sejam pessoas livres, corajosas e plenas de ousadia, sonhadoras e idealistas, firmes e resistentes, cheias de vida e sobretudo autênticas.

Sem comentários: