terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Os cabos são sempre os culpados




Ouvi por duas vezes, quase de seguida. a mesma, se é que é a mesma, expressão, em duas línguas que me deixaram a matutar. Foi em dois filmes, num um espanhol após uma refrega com magrebinos perguntava-se: porque estes tios no hablan cristiano, e noutro um americano de fauces dignas do homem de Neandertal sem compreender o que lhe era dito por um hispânico de nome Mendonza, (que ironia), dizia: why don’t you speak american like everybody.
Era a língua do grupo maioritário tomada como genérica, embora com o nome emprestado, ou talvez não, mas de certeza com o nome com que o falante mais se identificava. Em qualquer caso a língua era uma Potência. Algo de muito complicado dizer ao espanhol ou ao americano que um falava castelhano e ao outro inglês, e em ambos os casos explicar que eram muitas mais as pessoas que se expressavam noutras línguas, que não a deles. Sofriam do síndrome Imperial.
Tem que se fazer parte dos mais fortes, nem que seja remotamente. Tem que se fazer parte dum grupo, duma família, dum clã, duma tribo, dum partido, ou dum clube de futebol, dum País ou duma religião e é aí, (em ultima instância?) que se vai buscar identidade e força. Será? Depois há os trânsfugas, os prosélitos e os traidores. Há os que andam de vaivém, dos que vão sempre com os que vão à frente. E por último há os inomináveis que só por si valem todo um domínio. Tem que se ter um sinal de pertença, um emblema, um logótipo. O mais ecuménico de todos os indícios de pertença/poder, é a abastança.
No dia em que o plano Obama é aprovado, é noticiado que muitos mil milhões de dólares, um terço do valor destinado à reconstrução do Iraque tinha desaparecido. Um valor superior ao golpe Madoff. Como faço justiça de acreditar que não foi Bush nem ninguém do seu Estado Maior, vou jurar que algum soldado ou cabo como Lynndie England julgada e condenada por ter torturado prisioneiros de Abu Ghraib também torturou, fez sevicias e maltratou a economia do Império, contrariando as ordens que lhe tinham sido expressamente dadas. Olhou para as notas e leu “In God We Trust” e disse intimamente numa língua universal, a da cupidez: assim Ele me ajude….

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